NFJ#484 🌱 Como conectar-se com a audiência no TikTok
Como algoritmos ajudam a fazer a capa do NYT | Diversificar as fontes de receita: quando o jornalismo vai além das notícias | Jornalismo tem futuro? | Como relacionar mudanças climáticas à saúde (💎)
Buenas!
Moreno aqui. Quase novembro, hein.
Hoje nossos apoiadores aqui no Substack e no Apoia-se têm acesso à leitura que fizemos de um dos capítulos do relatório The Untapped Potential of Climate Communication: Harnessing Health to Drive Action, destaque da edição da semana passada. Abaixo do diamante (💎) estão dicas preciosas sobre como mudar a chave da cobertura das mudanças climáticas para dar mais atenção à saúde das pessoas.
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Hoje estamos eu (MO), a Lívia (LV) e o Giuliander (GC), as usual. Mas também temos uma convidada. A jornalista Magali Moser (MM) assina um bloco sobre o futuro do jornalismo a partir de um debate promovido pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD), onde ela é pós-doutoranda.
Bora.
Nosso agradecimento de <3 vai para:
Adriana Martorano Vieira, Alexandre Galante, Amaralina Machado Rodrigues Xavier, André Caramante, Andrei Rossetto, Antônio Laranjeira, Antonio Simões Menezes, Ariane Camilo Pinheiro Alves, Ben Hur Demeneck, Bernardete Melo de Cruz, Bibiana Osório, Bruno Souza de Araujo, Carlos Alberto Silva, Diogo Rodrigues Pinheiro, Edimilson do Amaral Donini, Fabiana Moraes, FêCris Vasconcellos, Filipe Techera, Gabriela Favre, Guilherme Nagamine, João Vicente Ribas, Jonas Gonçalves da Silva, Marcela Duarte, Marco Túlio Pires, Mateus Netzel, Milena Giacomini, Monica de Sousa França, Nadia Leal, Pedro Luiz da Silveira Osório, Priscila dos Santos Pacheco, Rafael Paes Henriques, Roberto Nogueira Gerosa, Roberto Villar Belmonte, Rodrigo Ghedin, Rodrigo Muzell, Rogerio Christofoletti, Rose Angélica do Nascimento, Rosental C Alves, Sérgio Lüdtke, Silvia Franz Marcuzzo, Silvio Sodré, Simone Cunha, Suzana Oliveira Barbosa, Taís Seibt, Vinicius Luiz Tondolo, Vitor Hugo Brandalise, Washington José de Souza Filho.
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🌱 Como algoritmos escolhem metade do conteúdo que é mostrado na homepage do NYT. Você sabia disso? Algoritmos editoriais influenciam a curadoria dos assuntos e das manchetes que ocupam quase 50% do espaço da capa da versão online do jornal mais importante do mundo, o New York Times – o próprio jornal publicou um texto que explica tintin por tintin o processo. Confesso que quando comecei a lê-lo, deu um friozinho na barriga: eu e o Moreno estávamos no Terra quando, ali por 2012-2013, o portal implantou um esquema de curadoria por algoritmos de praticamente toda a home para apresentar para os usuários as matérias pelas quais, em tese, eles se interessariam mais. Foi o começo do fim do megaportal como ele era. Mais de 10 anos depois, o esquema do NYT é bem diferente e ainda se baseia MUITO na seleção humana tanto com o uso de critérios jornalísticos na programação dos algoritmos quanto na decisão final do que realmente vai ou não para a homepage. O conteúdo dos módulos mais nobres, digamos assim, da capa ainda são 100% selecionados por editores humanos. O processo do resto inclui três etapas: (1) a seleção de um conjunto de histórias elegíveis para um módulo específico, (2) o ranqueamento delas de acordo com informações contextuais do leitor, tais como o seu histórico de leitura e a sua geolocalização, e (3) a finalização com a aplicação de guardrails editoriais e regras de negócios (por exemplo, se uma matéria já foi lida por aquele leitor, ela sai da classificação) para garantir que o resultado final das histórias atenda aos padrões do jornal. Para atender a experiência desejada com os algoritmos, o jornal desenvolveu alguns recursos: 'aumento de exposição', que faz o impulsionamento humano de uma história por um tempo até ela começar a perder importância no módulo; 'atualização inteligente', que remove artigos vistos pelo usuário várias vezes, mas que não foram clicados por ele; 'mínima exposição', que garante que todas as histórias tenham uma exposição mínima na homepage antes dos algoritmos entrarem em cena, entre outros. Os módulos com curadoria algorítmica são fixos. O próximo passo a ser explorado é testar o reordenamento automático desses módulos com base em uma mistura de importância editorial, engajamento e sinais de personalização. O NYT pretende dar esse passo com bastante cautela e sempre com editores humanos tendo a palavra final. O correto. (GC)
🌱 Muito além das notícias. Diversificar as fontes de receita tem sido um mantra repetido há anos em relatórios e pesquisas sobre sustentabilidade das organizações jornalísticas. Mas parece que há um movimento – feito pelos grandes veículos – que dá um passo além e aposta na estratégia de gerar uma oferta de valor que independe do ciclo de notícias. Neste texto, Mauricio Cabrera afirma que se trata de uma “ruptura paradigmática com relação ao que sempre foi o jornalismo”. No início deste mês, o lançamento do novo app do New York Times exemplifica bem essa tendência, materializada nas aquisições feitas nos últimos anos (The Atletic, Wirecutter e Wordle são alguns exemplos). Ao deslizar para a direita, o leitor encontra jornalismo; para a esquerda, vê jogos, esporte, receitas e recomendações de produtos. É o conceito “All In”, que promove a ideia de que existe um produto do NYT para cada momento da vida. Nesse pacote, “notícia” é apenas um dos itens. Esta reportagem da Vanity Fair traz o depoimento de um funcionário do jornal, que brincou: “O Times agora é uma empresa de jogos que também oferece notícias”. Seguindo o movimento, o Guardian lançou, na semana passada, o Filter, um guia para análises de produtos e conselhos de compra. Observem a parte final do texto de divulgação: “O Filter fornece uma plataforma para o melhor do nosso jornalismo de consumo, aprofundando nossos relacionamentos de confiança com os leitores, ao mesmo tempo em que abre um novo fluxo de receita para dar suporte ao nosso jornalismo”. Também o Washington Post, que tem enfrentado uma queda no número de leitores, parece ir em direção a novas aquisições. Esta matéria do NYT afirma que o novo presidente-executivo do Post, Will Lewis, tem o aval de Jeff Bezos para fazer o jornal crescer, inclusive por meio de aquisições. Vejam este trecho:
“Na busca por acordos, o The Post está seguindo os passos de outras empresas de mídia, incluindo o The New York Times e o The Wall Street Journal, que compraram empresas que complementam seus negócios principais de notícias. O objetivo é criar um negócio crescente baseado em assinaturas que seja isolado dos caprichos do ciclo de notícias, que pode aumentar e diminuir ao longo do ano”.
É uma inversão na dinâmica da mídia, avalia Cabrera. As atividades complementares ao jornalismo como “core bussiness” se tornam protagonistas, enquanto o ciclo noticioso passa a coadjuvante. (LV)
🌱 Como conectar-se com a audiência no TikTok. Com um público crescente para notícias, como apontou o Digital News Report deste ano, o TikTok merece atenção. Neste texto para o Digital Content Next, o professor Damian Radcliffe mostra quatro caminhos para alcançar novos públicos (principalmente os mais jovens) por meio do TikTok. O primeiro deles se refere à importância dos comentários. Radcliffe afirma que é um equívoco ver o TikTok apenas como uma plataforma “passiva e relaxante”. E cita esta pesquisa da empresa Weber Shandwick, que aponta para um consumo engajado e intencional. A professora Claire Wardle, que participou da pesquisa, explica que a audiência comenta no TikTok para dizer se concordam ou não, para observar outros comentários e usar insights, etc. Esse comportamento é uma parte intrínseca da experiência na plataforma, diz Wardle. Radcliffe acrescenta que, para as organizações jornalísticas, isso significa que o engajamento no TikTok deve ir além de apenas criar conteúdo. Uma forma de fazer isso é com “criadores jornalistas” (como fez de forma pioneira o WPost, por exemplo), ao invés de responder com a marca fria do veículo. No entanto, o professor destaca que é importante criar um protocolo para engajamento nos comentários, para evitar trolls e outros problemas. Autenticidade é a segunda orientação de Radcliffe para as conexões entre público e mídia no TikTok. E como esse comportamento passa por uma linguagem mais informal e próxima das pessoas, trata-se de um desafio para os veículos. “O TikTok não é um lugar óbvio para o Wall Street Journal ou a CNN aparecerem. Isso se baseia em parte no estilo de conteúdo, nas preferências do usuário – que gostam de criadores independentes – e na percepção de que os veículos de mídia parecem estar se esforçando demais para se encaixar”, diz o texto. O sucesso do algoritmo da aba “For you” é o terceiro aspecto que merece destaque. Radcliffe cita uma pesquisa do Pew Research Center, que revelou que 40% dos usuários dizem que esse conteúdo “For you” é extremamente ou muito interessante para eles, enquanto apenas 14% disseram que não era relevante para eles. O professor lembra do perigo das bolhas, mas argumenta que, em vez de lutar contra as câmaras de eco, os publishers “podem querer apenas se inclinar para elas. Isso pode significar produzir mais conteúdos não noticiosos, de nicho para públicos específicos, evergreen ou materiais além do ciclo diário de notícias”, afirma. Por fim, o TikTok se tornou uma arena importante para consumir notícias e discutir questões sociais – e isso é ótimo para as redações. No entanto, o relatório da Weber Shandwick mostra que muitos desses conteúdos não vêm de marcas de notícias tradicionais, e sim de criadores e comentaristas individuais, que conduzem muitas dessas conversas. Fazer parcerias com esses influenciadores pode ser uma saída para os publishers, aponta Radcliffe. Em resumo, aqueles que veem o TikTok como apenas mais uma saída para distribuir seu conteúdo podem ter dificuldades para causar impacto ou forçação de barra “Como você aparece de uma forma que não pareça um pai dançando no casamento?”, pergunta Claire Wardle. (LV)
🌱 Jornalismo tem futuro? Essa pergunta conduziu o debate promovido em 11 de outubro pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD). O convidado para a conversa foi o jornalista Pedro Doria, idealizador do Canal Meio, uma plataforma de produção de conteúdo jornalístico existente há oito anos. As professoras Suzana Barbosa e Lia Seixas, do Póscom da Universidade Federal da Bahia (UFBA), assumiram o papel de debatedoras, na mesa mediada por mim. Em duas horas de debate, foram tratadas questões importantes, como a trajetória histórica do jornalismo como agente de fiscalização dos poderes e discussão das questões públicas, sua sustentabilidade financeira e os desafios e ameaças impostos à prática profissional no contexto das transformações tecnológicas. Foi ressaltado como as mudanças impactaram diretamente o modelo de negócios da imprensa tradicional e a busca por modelos de financiamento alternativos, fundamentais para garantir a independência editorial. Doria destacou a diferença entre financiamento público e estatal, ressaltando a necessidade de independência para um jornalismo de qualidade. Sobressaiu entre as três visões apresentadas o consenso de que a democracia não se sustentará se não houver jornalismo de qualidade. Dentre as soluções apresentadas para a pergunta destacou-se principalmente a necessidade de enfatizar o empreendedorismo na formação. Talvez o principal mérito da iniciativa da mesa virtual tenha sido o alcance a um público diversificado, reunindo pesquisadores/as consagrados/as, estudantes de graduação e o público em geral em torno desse debate, além da aproximação entre teoria e prática. Nada mais importante, visto que os impactos sociais dessas mudanças são igualmente disseminados. (MM)
🌱 Notícias da indústria e links diversos. Sob governo de extrema direita, liberdade de imprensa na Itália tá na berlinda [Reuters Institute]. | The Athletic e Yahoo! Sports juntam forças para cobrir esportes femininos [Story Bakerse]. | Seis recursos gratuitos para turbinar seu jornalismo freelance [IJNet]. | Mar Manrique, da Fleet Street, lançou um novo meio na Espanha. O WATIF nasce como a “vontade de explorar como as tendências de hoje podem moldar o amanhã” [WATIF]. | O papel da AP na democracia norte-americana: como uma agência de notícias encurta processo que demoraria semanas para anunciar vencedor da eleição nos EUA [G1]. | Fact Check Explorer permite encontrar verificações que foram feitas por organizações independentes do mundo todo [Google News Initiative]. | “Se os veículos adotarem essas práticas, teremos uma evolução na transparência em relação aos seus processos, o que é um ganho para o ecossistema online de notícias”, disse Sérgio Lüdtke à Carolina de Assis sobre o Programa de Indicadores de Compromissos com o Público, lançado pelo Projor recentemente [LJR]. | Falta de atenção ao fenômeno do “cabelo maluco” denota “distância do jornal não só do universo infantil mas também da pauta familiar”, diz ombudsman da Folha [Folha]. | Prêmio Livre.jor de Jornalismo-Mosca está com inscrições abertas [Livre.jor]. | A Fiquem Sabendo é finalista do Prêmio Empreendedor Social 2024 na categoria "soluções que inspiram". Leva o troféu pra casa quem conseguir mobilizar doações em uma campanha de financiamento coletivo no site do prêmio. Clique aqui para doar [Empreendedor Social 2024]. | Climate Tracker oferece mentoria em jornalismo de clima na América Latina [IJNet]. | Três lições sobre o jornalismo local oferecidas pelos ganhadores do Prêmio Gabo [Fundación Gabo]. | Lupa lança site para orientar público sobre golpes online. [Lupa]. (MO)
💎 Relacione a mudança climática à saúde das pessoas. Semana passada eu dei os highlights do resumo executivo do relatório The Untapped Potential of Climate Communication: Harnessing Health to Drive Action ("O potencial inexplorado da comunicação climática: aproveitando a saúde para impulsionar a ação"), produzido pelo Information Futures Lab (IFL), da Escola de Saúde Pública da Brown University, em parceria com o Climate Week NYC. O documento analisou 2,4 milhões de postagens (em redes seciais e manchetes jornalísticas) e observou a pouca relação entre crise climática e saúde, além de destacar o caráter catastrófico de boa parte dessas publicações. Além das constatações, o estudo oferecia recomendações de como mudar essa postura, fazendo uma maior associação entre o que está acontecendo com o planeta e a nossa saúde. Ao final, perguntei se vocês queriam que explorássemos o capítulo sobre as recomendações na edição de hoje. Todos que responderam a enquete disseram que sim, então bora lá. Abaixo, vocês conferem a leitura desse capítulo, com seis recomendações para aproximar a cobertura da crise climática à saúde das pessoas – uma forma de deixar o tema menos abstrato e convocar o público à ação. (MO)
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