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Oi, gente! Olha nós aqui de novo :-)

Quem abre a Newsletter Farol Jornalismo 283 é a Lívia.

Como o Moreno avisou, estamos de volta às sextas-feiras. Fizemos um teste de quatro edições com o envio na segunda, mas não achamos que funcionou. Então voltamos! Não só para contar o que aconteceu de mais importante no jornalismo durante a semana, mas também para desejar a vocês um bom final de semana. Mas vocês vão notar que a NFJ deve chegar mais cedo: no máximo até ao meio-dia de sexta.

Melhor, né?

Uma coisa importantes antes de começarmos. Subimos o vídeo do evento que realizamos em parceria com Afonte Jornalismo de Dados e Matinal Jornalismo. Se vocês não lembram, no dia 1º de junho batemos um papo sobre mudanças na prática jornalística durante a pandemia com colegas de diferentes regiões do país. Assistam!

Bom, vamos lá. A curadoria da edição de hoje foi feita por mim, pelo Moreno e pela Marcela, com texto meu e edição do Moreno.

Bora?

🍂 Como os freelancers estão se adaptando à crise da Covid-19? Neste webnário do ICFJ, a jornalista multimídia independente Melissa Noel e o editor-chefe da BBC Africa Marc Perkins dão orientações importantes: comece a olhar para pautas além do coronavírus, pois os editores estão começando a se interessar por elas; como o freelancer já está acostumado a certa instabilidade profissional, é essencial ter mais de um fluxo de renda, trabalhar com várias organizações e ter diferentes habilidades que se adaptam a diferentes trabalhos; fique de olho em fellowships e oportunidades de financiamento de reportagens; ao invés de só apresentar uma ideia para o editor, mostre-a mais desenvolvida, para que ele entenda sua pesquisa prévia no assunto. Este outro relato da freelancer Monica Castillo destaca o preço emocional e mental. “O freelancing sempre veio com certo nível de incerteza. Mas a pandemia trouxe novas crises de ansiedade, depressão, tristeza, solidão, insônia e outras coisas que dificultam o foco no trabalho”. Impossível não se identificar com ela, né? Para apoiar os freelancers baseados na Europa e tentar encontrar saídas, o European Journalism Centre criou a Freelance Journalism Assembly. Vocês conhecem alguma iniciativa desse tipo no Brasil? Contem pra gente! Basta responder este email. Vejam ainda essas 7 dicas de segurança para o trabalho em casa. E sabem aquele burburinho e o corre-corre típico das redações? Eles podem nunca mais voltar. O coronavírus forçou jornalistas a sair das redações para o home office, e a economia feita pelas empresas pode impedi-los de voltar, principalmente nas organizações menores.

🍂 Neste texto para o Nós, mulheres da periferia, Semaya Oliveira analisa que a imprensa brasileira não tem contribuído para o avanço da discussão antirracista e cita como exemplo o assassinato do menino João Pedro, tratado como mais um fato isolado, sem associação com o racismo. Levantamento de Marcia Rangel, Lidiane Vieira e João Feres, do Gemaa, analisou 287 colunistas de Estadão, Folha e O Globo e identificou que 68% são homens brancos, 28% são mulheres brancas, 2% são mulheres negras e 2% são homens negros. A produção de opinião nesses jornais está, de forma majoritária, a cargo de homens brancos, com grande subrepresentação de homens e mulheres negras. No Estadão, nenhuma pessoa negra opina sobre política e economia. O Nieman Lab compilou nesta thread vários relatos de jornalistas com experiências de racismo na mídia. Urgente e pesado. Barbara Allen, do Poynter, levanta outro ponto importante na relação entre jornalismo e questões raciais: a responsabilidade dos professores na mentoria dos estudantes negros. “Como educador de jornalismo, especialmente se você é branco, está ciente de que alguém pode estar enfrentando (pela enésima vez na vida) a perspectiva de ser o único aluno negro da turma?”.

🍂 Brasil lidera desinformação sobre número de casos e mortes por Covid-19 no mundo, informa a Agência Lupa, a partir de consulta em bases públicas de checagem. E para mostrar que as fake news são um problema antigo, Adriana Carranca relembra esta capa da Veja sobre a epidemia da desinformação durante o surto de meningite no Brasil em 1972. “Militares omitiram dados, proibiram médicos de dar entrevistas e orientaram autoridades sanitárias a negar epidemia. Doença se alastrou sem que a população soubesse dos riscos”. O Estadão registrou esse fato em seu acervo. De acordo com a IFCN, o grande aumento de checagens sobre a pandemia atraiu audiências sem precedentes para os sites das agências de fact-checking. Isso também está acontecendo com a mídia independente: a Agência Mural informa, neste texto da GIJN, que a visualização de páginas de seu site cresceu 169%, “a maioria delas proveniente de pesquisas orgânicas, sugerindo que as pessoas estavam buscando ativamente informações confiáveis e precisas sobre a crise”. É também da GIJN esta planilha com fontes sobre dados da Covid-19. Baixem este guia do Media Development Investment Fund (aqui traduzido por Priscila Brito para o português), com orientações para minimizar o impacto da crise provocada pela Covid-19 nas organizações jornalísticas. E para quem mora em São Paulo, vejam este mapa interativo da USP que mostra quantos de seus vizinhos contraíram o coronavírus.

🍂 Uma seleção de links sobre o apagão de dados do governo, que foi obrigado pelo STF a retomar a divulgação de dados da Covid-19 acumulados. Preparados e preparadas? Foi! Mudança de divulgação ocorreu após Bolsonaro exigir número de mortes por Covid-19 abaixo de mil por dia, no Estadão. | Apagão em dados da Covid-19 afeta pretensões globais do Brasil, na DW. | Brasil é destaque no mundo por não divulgar dados de mortes por Covid-19, na BBC Brasil. | Leitores elogiam união de jornais para divulgar dados da Covid, na Folha. | Carta aberta "A opacidade custa vidas", na Abraji e mais 100 organizações. | E mais três fatos políticos que envolvem o jornalismo: Bolsonaro recria Ministério das Comunicações e entrega pasta a genro de Silvio Santos, na Folha. | Relator Edson Fachin vota no STF pela validade do inquérito das fake news; julgamento é suspenso, no G1. | Sem consenso, votação da "lei das fake news" é adiada novamente no Senado, no UOL. | Barroso se reúne com diretores do WhatsApp para falar de mecanismos de contenção de fake news, na Folha.

🍂 Na segunda-feira, falamos na NFJ #282 sobre o artigo de opinião do senador Tom Cotton no NYT, que pediu intervenção militar para coibir os protestos nos EUA e culminou com a saída do editor James Bennet. O Nieman Lab repercutiu comentários de especialistas. Para Emily Bell, se o manual de redação do NYT incluísse a recomendação “não coloque um título em um artigo que você não colocaria em um tweet”, o texto de Cotton - cujo título era “Enviem as tropas” - teria sido apresentado de maneira diferente, mesmo que as falhas fundamentais persistissem. Este texto do Poynter lembra que há desinformação no artigo de Cotton, e destaca uma fala da editora de Opinião do Washington Post, Karen Attiah, à CNN: “Jornalismo de opinião ainda é jornalismo e precisa passar por verificação de fatos. A pessoa constrói um argumento, mas ele tem que ser baseado em fatos e não descaracterizar a realidade para se adequar à sua agenda”.

🍂 Para marcar um ano de #VazaJato, o Intercept publicou nesta thread fotos de bastidores da cobertura e link para as 99 reportagens. Baixem esta pesquisa do Intervozes que analisa a cobertura de veículos brasileiros do vazamento de petróleo na costa brasileira. Paul Bradshaw dá orientações introdutórias para jornalistas sobre análise de redes. Aqui estão mais de 30 ferramentas, dicas e recursos para jornalistas, levantados pelo Poynter. O Puroperiodismo compilou webinars, cursos, prêmios e bolsas no mês de junho. Assistam à live com Quennia Mendes, da Rede Amazônica, sobre a cobertura da Covid-19 em Rondônia, promovida pela UNIR.

É isso, pessoal! Bom final de semana e até sexta que vem. ;)

Lívia Vieira e Moreno Osório

Nosso agradecimento de <3 vai para:

Adriana Martorano Vieira,Alciane Baccin, Ana Claudia Gruszynski, Ana Paula Rocha, Anderson José da Costa Coelho, Anderson Meneses, André Caramante, André Schröder, Andrei Rossetto, Ariane Camilo Pinheiro Alves, Bernardete Melo de Cruz, Bibiana Garcez, Bibiana Osório, Boanerges Balbino Lopes Filho, Caio Cesar Giannini Oliviera, Carolina Oms, Carolina Silva de Assis, Casemiro Alves, Cecília Seabra, Cristiane Lindemann, Davi Souza Monteiro de Barros, Diego Freitas Furtado, Diego Queijo, Edmilson do Amaral Donini, Eliane Vieira, Emilene Lopes, Estelita Hass Carazzai, Fabiana Moraes, FêCris Vasconcellos, Felipe Benício da Costa Dias, Felipe Cruz, Felipe Seligman, Filipe Techera, Flavio Dutra, Gabriel Jacobsen, Gabriela Favre, Giuliander Carpes, Guilherme Nagamine, Isaque Criscuolo, Itevaldo Costa Junior, Janaína Kalsing, João Vicente Ribas, Jonas Gonçalves da Silva, Jordana Fonseca, Jorge Eduardo Dantas de Oliveira, Leticia Monteiro, Luiz Denis Graça Soares, Marcela Duarte, Marcelo Crispim da Fontoura, Marco Túlio Pires, Margot Pavan, Maria Elisa Maximo, Mayara Penina, Michelle Raphaelli, Nadia Leal, Nara Leal, Natália Levien Leal, Paula Bianchi, Pedro Burgos, Pedro Luiz da Silveira Osório, Pedro Rocha Franco, Priscila Bernardes, Priscila dos Santos Pacheco, Rafael Grohmann, Raquel Ritter Longhi, Regina Maria Pozzobon, Roberto Nogueira Gerosa, Roberto Villar Belmonte, Rodrigo Muzell, Rogerio Christofoletti, Sérgio Lüdtke, Sérgio Spagnuolo, Silvio Sodré, Tatiane de Assis, Vinicius Batista de Oliveira, Vivian Augustin Eichler, Washington José de Souza Filho.