NFJ#356 ☀️ Por que repórteres negros são excluídos do jornalismo investigativo
Brasil no Predictions for Journalism | Twitter e desinformação | O que é jornalismo de resistência? | Como usar links para fontes originais | Comece o ano conferindo 7 oportunidades e 16 ferramentas
Buenas, moçada!
Moreno aqui abrindo a temporada de verão da NFJ! :D
Tudo bem por aí? Começando devagarinho ou já em ritmo acelerado?
Por aqui, janeiro é um mês em que pegamos mais leve, com edições mais enxutas que procuram destacar projeções para o ano que inicia, e com um revezamento de editores. Hoje a edição é quase toda da Lívia. Na semana que vem é tudo comigo.
Ao longo de janeiro, portanto, vamos separar um bloco de conteúdo para o Predictions, do Nieman Lab, além de eventualmente retomar os textos do especial O Jornalismo no Brasil em 2022, publicado na primeira quinzena de dezembro. Em fevereiro, vocês sabem, a newsletter entra em férias, voltando depois do Carnaval.
Antes disso, porém, temos dois materiais exclusivos para os nossos apoiadores +R$15 no Apoia-se. Hoje publicamos no nosso site a análise mensal de janeiro — resultado das concatenações teóricas publicadas ao longo de dezembro. Na semana que vem publicaremos o report sazonal — resultado das análises publicadas ao longo da temporada de primavera de 2021. Além disso, seguiremos, ao longo de janeiro, com o bloco de concatenações teóricas, que é exclusivo para subscribers aqui no Substack.
Querem saber como funcionam todas as modalidades de apoio e a que tipo de conteúdo cada uma tem direito? Então venham aqui.
No mais, boas vindas aos nossos novos assinantes!
Ou nos apoiarem no Apoia-se.
🖥️ Assinantes da NFJ têm vantagens ao contratar os nossos parceiros da ServerDo.in. Venham aqui e ganhem TRÊS MESES DE HOSPEDAGEM GRÁTIS.
💰 Vocês sabem que temos um crowdfunding permanente. Além do Apoia-se, também estamos aceitando aquele PIX amigo. Basta usar a chave CNPJ 29382120000182.
Agora vamos nessa!
☀️ Predictions, do Nieman Lab. Bora começar o ano com mais algumas previsões para o jornalismo? Antes, vale destacar que o Moreno marcou presença mais uma vez no especial do Nieman Lab com uma análise dos textos de O Jornalismo no Brasil 2022. Chique demais, né? E mais duas brasileiras publicaram suas projeções. Natalia Viana, diretora executiva da Agência Pública, vai direto ao ponto: é hora de o Norte global olhar para o Sul e aprender com seu povo e seus jornalistas. Especialmente quando se trata da cobertura de mudanças climáticas, Viana lembra que repórteres latino-americanos há anos denunciam danos ambientais e a resistência de povos indígenas, e raramente são ouvidos. Além disso, ela afirma que jornalistas ambientais costumam ser rotulados de “ativistas” e “não objetivos”, exatamente como os profissionais do Norte global têm sido vistos atualmente. “À medida que as organizações de notícias no Norte aumentam seu foco na crise climática, é hora de os líderes comunitários no Sul - e o jornalismo que já considera esses líderes como especialistas em conservação da natureza - serem vistos como fontes valiosas de histórias, comentários e soluções”, diz. Cristina Tardáguila, diretora do ICFJ e fundadora da Agência Lupa, foca em outra questão: para ela, jornalistas devem abraçar oportunidades de gestão e aprender a delegar. Segundo ela, em 2022 haverá um boom no número de cursos, bolsas e centros de gestão, empreendedorismo e sustentabilidade com foco em mídia. Essa capacitação é bem vinda à medida que aumenta o número de demissões nas redações e cresce o de jornalistas que decidem se tornar empreendedores. Tardáguila defende que é preciso aprender estratégias de gestão, já que não se pode controlar tudo. (LV)
☀️ Desinformação. Twitter está sob pressão, vocês viram? O MPF oficiou a plataforma para esclarecer a ausência de um canal de denúncias de fake news sobre Covid, como existe em outros países. De acordo com a Folha, o texto também solicita que a rede social informe quais são os critérios para conferir verificação a usuários no país. A hashtag #TwitterApoiaFakeNews aumentou a pressão. O Twitter se manifestou só ontem, afirmando que a denúncia de informações enganosas está em teste em alguns países e que “uma implementação em todo o mundo dependerá dos resultados aferidos”. Ainda sobre a pandemia, desde o ataque aos sistemas do Ministério da Saúde, em 10 de dezembro, não há dados precisos sobre a situação da Covid no Brasil, o que afeta diretamente a divulgação e análise de informações pela imprensa. Nos EUA, reportagem da ProPublica e WPost mostra que o Facebook desempenhou um papel fundamental na divulgação de mentiras que fomentaram a invasão no Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Agora, um balanço das checagens em 2021: No Aos Fatos, política supera pandemia e é o tema de desinformação mais checado ano passado; e Bolsonaro disse cerca de sete informações falsas ou distorcidas por dia. Na Agência Lupa, contradições de Bolsonaro, ivermectina e falso vale-gás foram as checagens mais lidas de 2021. A Abraji encerrou a quarta fase do Projeto Comprova com 187 verificações, das quais só três eram notícias verdadeiras. (LV)
☀️ Diversidade. Como incorporar práticas de trabalho mais inclusivas? Neste texto do ijnet, jornalistas da Chicas Poderosas compartilharam algumas ideias discutidas na Incubadora de Liderança, projeto que atuou com 25 veículos da América Latina. Entre elas: rotatividade nos cargos permite que sua equipe aprenda novas habilidades e tenha empatia com os colegas de trabalho. Este texto de Chantal Flores mergulha numa questão importante: repórteres negros são excluídos do jornalismo investigativo. Além da dificuldade de conseguir recursos financeiros para sustentar um trabalho de longo prazo, um dos principais obstáculos é que jornalistas negros são vistos como pouco objetivos devido à sua proximidade com as comunidades que cobrem. Perceberam a semelhança com o relato de Natalia Viana no texto do Predictions do primeiro bloco? “Isso decorre da suposição tácita generalizada de que os pontos de vista dos brancos são ‘neutros’ e que, se as histórias são apresentadas por lentes não brancas, não são objetivas o suficiente. Mas quem determina o que é objetividade?”, pergunta a reportagem. A análise de Flores olha para os Estados Unidos, mas é possível traçar um paralelo com a realidade brasileira. Objetividade é também assunto deste artigo de Joshua Benton no Nieman Lab. Ele repercute a pesquisa de Patrick Ferrucci e Gino Canella publicada na Journalism, que analisou o discurso metajornalístico a partir da crítica de Ben Smith a Ronan Farrow, acusando-o de praticar “jornalismo de resistência”. Para os autores, há três elementos principais no discurso dos próprios jornalistas sobre o que é jornalismo de resistência: não é objetivo, é direcionado e distorce a verdade. Mas quem diz o que é ou não jornalismo? Com a palavra, os autores: “em um ambiente de mídia aberta que não apresenta limites para quem pode publicar, os jornalistas citam as normas não apenas como marcadores de identidade do jornalista profissional, mas também como marcadores de fronteira entre profissionais e não profissionais”. (LV)
☀️ Notícias da indústria. Falando em Ben Smith, o colunista anunciou esta semana sua saída do NYT para criar uma organização de notícias global com Justin Smith, que está deixando o cargo de executivo-chefe da Bloomberg Media. Eles encontraram uma oportunidade de mercado: os 200 milhões de leitores de inglês com ensino superior, que ninguém realmente trata como um público. Esse foco intrigou analistas de mídia, pois há veículos que já fazem isso, como o próprio NYT. Tom Jones, do Poynter, pediu mais detalhes a Ben Smith: “É útil colocar a palavra ‘global’ nessa frase! O que quero dizer é que há um público global que é atendido em grande parte pela mídia nacional, que muitas vezes recebe histórias através das lentes da mídia social e da política nacional polarizada. Mas há muita insatisfação em todo o mundo e muito espaço para inovar". Vamos ficar de olho nessa nova iniciativa. Segundo informa o Axios, o engajamento com notícias despencou no ano passado em comparação com 2020, devido ao declínio contínuo no interesse por notícias sobre Covid e política. A Énois fez um balanço de sua atuação em 2021: “aprendemos e apoiamos diretamente mais de 200 jornalistas e organizações em 25 estados do Brasil, distribuímos R$ 764 mil em programas como o Diversidade nas Redações, Jornalismo e Território, Sala de Redação e Prato Firmeza”. Bacana, né? A Associação de Publishers Online criou um protocolo de melhores práticas de link para fontes originais. Segundo este texto do PressGazette, dar crédito para quem investe em furos e reportagens originais é vital para a sobrevivência do jornalismo. Pra fechar o bloco, o ijnet traz uma reflexão sobre prós e contras do jornalismo no WhatsApp. (LV)
☀️ Links diversos. Inscrições abertas até 4 de fevereiro para o programa Acelerando a Transformação Digital, promovido pelo Meta Journalism Project, Abraji e ICFJ. O objetivo é oferecer mentoria e apoio financeiro para jornalistas de todo o Brasil. | O Reuters Institute abriu seleção para seu programa de Fellowship. Inscrições até 14 de fevereiro. | No novo em Folha, informações sobre o Logan Science Journalism Program, da Universidade de Chicago. O programa é destinado a jornalistas que tenham pelo menos três anos de experiência na cobertura científica ou ambiental. Inscrições até 31 de janeiro. | Dicas do ijnet: 16 ferramentas para produzir conteúdo digital em 2022; 7 oportunidades internacionais de jornalismo para se inscrever em janeiro. | Mais dicas, agora do Clases de Periodismo: como ter segurança digital em 2022. | A Abraji atualizou seu Pinpoint com duas novas coleções: 1.395 arquivos do Diário da Câmara dos Deputados, publicados entre 2019 e 2021, além de 21.528 documentos de licenciamento ambiental do Ibama. (LV)
☀️ Concatenações teóricas. Este bloco é exclusivo para subscribers. Se você é assinante da versão free, a edição termina aqui. Mas fique tranquilo, você sempre terá acesso à grande parte da NFJ. Mas que tal ter um gostinho do que publicamos aqui? Clicando no botão abaixo você ganha um mês de acesso à versão completa da NFJ, o que inclui o bloco Concatenações. Que tal? A promoção é válida até sexta que vem, dia 14/01/22. Na temporada de verão, seguiremos falando sobre newsletters aqui no Concatenações. Venha!