NFJ#364 🍂 Colaboração é o caminho para jornalismo ter impacto
E outros achados de estudo sobre a relação do jornalismo com organizações da sociedade civil | A preparação de veículos para as eleições | Brasil é recordista de jornalistas mortos por Covid
Buenas, moçada!
Outono chegou com força aqui no sul da capital mais meridional do país. Temperatura já tá abaixo dos 15 pela manhã, os mosquitos deram uma trégua e o vendo já diz oi pelas frestas. Pizza d’O Artesão (melhor pizza de tele que eu já comi, e não ganho nada por dizer isso) a caminho, vinho esperando para ser aberto e dois episódios de This is Us acumulados. Acho que vou até inaugurar a lareira.
Enquanto isso, depois de muito tempo, um mate acompanhou a redação na NFJ#364, que teve, claro, participação da Lívia direto de Salvador, onde é sempre verão. Nos fones, a agradável companhia da Jazz at Lincoln Center Orchestra, pro porto-alegrense aqui sonhar que tá vivendo a entrada da primavera em Nova York.
Aos nossos queridos apoiadores do Apoia-se, estamos com análise nova publicada no nosso site. Ela é fruto das nossas concatenações de fevereiro — em especial o lançamento do app do Substack. Venham aqui para ler. Aliás, nas concatenações de hoje eu falo sobre a New Yorker estar adotando um tom conversacional na sua newsletter diária — algo que, modéstia à parte, fazemos aqui desde 2014. Lembrando que o bloco concatenações é exclusivo para subscribers aqui no Substack. Para ler é facinho e só custa R$ 5,50 por mês — mais barato que um espressinho. Então 👇🏻
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Agora vamos para a news.
🍂 Eleições e plataformas. Redações já se movimentam para a cobertura das Eleições 2022. A Folha, em parceria com o InternetLab, acaba de lançar o podcast “Cabo Eleitoral”, que investiga como as campanhas se apropriam das redes sociais para difundir propaganda política e explica as novas regras do jogo eleitoral. A CNN anunciou o primeiro debate presidencial de 2022, que será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e plataformas digitais. Em fevereiro, a emissora divulgou seu novo posicionamento institucional, com o slogan “Jornalismo de fato não tem lado”. O UOL estreou "O Radar das Eleições", videocast com informações de bastidores, análises de candidatos, candidaturas e ponderações sobre as últimas pesquisas de intenção de voto. Falando nisso, pesquisa mais recente do DataFolha mostra que 60% dos entrevistados acredita que a circulação de notícias falsas em aplicativos de mensagens e em redes sociais pode influenciar muito o resultado das eleições deste ano. Cobrir um dos pleitos mais importantes dos últimos anos não será fácil, com certeza. No ObjETHOS, enumerei algumas frentes éticas nas quais o jornalismo precisará investir: mais investigação e menos declaração, sem polêmica disfarçada de pluralidade, censura deve ser chamada de censura e maturidade na cobertura de fake news, que estarão sofisticadas. A Global Investigative Network elaborou um guia de eleições para repórteres investigativos, com ferramentas, técnicas e fontes. A Abraji lembra que quatro dos nove presidenciáveis bloquearam jornalistas no Twitter. Esse “veto do acesso a conteúdos publicados por políticos exclui possibilidade de interação com eles”, diz a associação. É no Twitter também que está circulando um novo fenômeno: as fake denúncias, que ocorrem por meio de perfis que fazem denúncias falsas em nome de terceiros. O Núcleo foi o primeiro a descobrir a falha, que é justamente a permissão do Twitter para que qualquer pessoa faça uma denúncia em nome de outra pessoa, sem qualquer autenticação. A plataforma, no entanto, nega a falha. Em artigo no UOL, Cristina Tardáguila afirma que ela mesma teve seu perfil usado de forma indevida e destaca que “sobretudo mulheres estão na mira da usurpação”. A luta para que as plataformas tenham algum tipo de regulação promete ser longa. Esta matéria da LJR mostra, por exemplo, que a questão da remuneração de organizações jornalísticas por terem seus conteúdos circulando nas plataformas ainda não é consenso entre profissionais e entidades brasileiras. (LV)
🍂 Pandemia e Guerra. Novo levantamento da Fenaj identifica que, em dois anos, 314 jornalistas foram mortos pela Covid-19, uma média de uma morte a cada 2,2 dias. “O elevado número de óbitos entre a categoria colocou o Brasil na posição de país recordista de mortes de profissionais de imprensa por Covid-19 em todo o mundo”, diz o relatório. A Fenaj lembra que, desde o início da campanha de vacinação, o número de óbitos caiu significativamente. Falando na cobertura da pandemia, um ângulo promissor é a desigualdade vacinal. Neste texto, o IJNet destaca o papel da imprensa no assunto. Da crise de Covid-19 seguimos para a crise da guerra na Ucrânia. Na LJR, vale conhecer as histórias de três jornalistas sul-americanos que estão cobrindo o conflito: Sol Macaluso, da Argentina; Yan Boechat, brasileiro; e Mariana Diaz, do Chile. Pouco mais de um mês após o início da invasão, o interesse do leitor pelas notícias da guerra começa a diminuir. Esta matéria do PressGazette mostra que vários veículos registraram recorde de visualizações em seus sites, mas o momento atual é de queda - o que pode indicar fadiga, assim como ocorreu com as notícias sobre a pandemia. O Nieman Lab destaca que, na guerra da informação, o Telegram tem sido muito usado tanto por ucranianos quanto por russos. No caso dos primeiros, os grupos privados garantem alguma proteção. E muitos russos, à luz da repressão da mídia independente do Kremlin, também estão recorrendo ao aplicativo de mensagens para obter informações (embora haja propaganda russa de desinformação por lá também). No Poynter, mais dois aspectos da guerra. Este texto mostra como o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tem usado a mídia para divulgar suas mensagens de maneira eficiente. E neste artigo, Tom Jones analisa a cobertura da guerra pela imprensa norte-americana e afirma que ela está se concentrando em relatar os fatos - sem otimismo, pessimismo ou ceticismo. (LV)
🍂 Jornalismo colaborativo. Estudo do Centro para Mídia Cooperativa da Universidade do Estado de Montclair analisou 155 colaborações entre veículos jornalísticos e organizações da sociedade civil em 125 países, incluindo o Brasil. Chamado de “cross-field collaboration", a colaboração entre campos é definida como uma parceria envolvendo pelo menos uma organização jornalística e uma organização da sociedade civil, que trabalham juntas para produzir conteúdo a serviço de um ideal ou resultado. Neste texto que conta os bastidores da pesquisa, Sarah Stonbely explica que organizações da sociedade civil incluem ONGs, universidades, organizações cívicas de tecnologia e artes, entre outras. O Brasil é o quinto país que tem mais entidades trabalhando em cooperação: 32 foram mapeadas. Em primeiro lugar aparece os EUA, com 235, seguido por México, Alemanha e Reino Unido. O Nieman Lab repercutiu o estudo, enfatizando que a colaboração entre campos pode resolver alguns problemas específicos: 1. A colaboração ajuda o conteúdo a assumir diferentes formas (ou seja, texto, vídeo, gráficos, etc.) e a ter um alcance mais amplo. 2. As restrições financeiras enfrentadas pelas redações, juntamente com a natureza complexa das matérias investigativas, exigem habilidades especializadas e recursos humanos suplementares. 3. Há um desejo crescente de impacto do jornalismo investigativo, o que a colaboração torna possível. Outra descoberta é que as colaborações geralmente são estruturadas em torno de assuntos específicos. Cerca de 24,5% delas se enquadram na categoria de "Democracia/ Transparência/ Governança/ Corrupção". Além disso, 55% das organizações que participaram das colaborações entre campos eram veículos jornalísticos e 21% eram ONGs. As demais incluíram universidades, entidades de apoio ao jornalismo e organizações de tecnologia cívica e de artes. (LV)
🍂 Notícias da indústria. Canal Meio captou R$ 5 milhões em nova rodada de financiamento, vocês devem ter visto. Com a grana, o veículo vai dobrar a equipe (hoje são 14 pessoas) e investir em mais conteúdo em vídeo. Foram anunciadas também a contratação de Mariliz Pereira Jorge e Flavia Tavares. | Na The Nation, Rachel Sanders escreve sobre a nova rodada de demissões no BuzzFeed e diz que o CEO Jonah Peretti está sendo pressionado pelos investidores e aumentar a margem de lucro e que a empresa não merece a redação que tem. | A CJR repercurte a mais nova onda de sindicalização em veículos dos EUA, incluindo o próprio BuzzFeed. | O Nieman Lab e o Press Gazette analisam o novo app do Financial Times que permite ler oito conteúdos de profundidade por uma fração do preço da assinatura usual do jornal. | Até 2027 a BBC quer que 25% de sua equipe seja oriunda de camadas socio-econômicas mais baixas para "garantir que sua força de trabalho represente melhor as audiências que a emissora atinge". Mais detalhes nesta matéria da Variety. | Sabe aquele projeto de lei que subsidiaria o jornalismo local nos EUA. Não tá rolando, informa o Poynter. | Três descobertas de três entrevistas com jovens da Gen Z: news apps são populares, mas poderiam ser melhores; newsletters oferecem a informação na medida certa; redes sociais nem são assim tão populares.| Esta matéria da LJR repercute o artigo da PL das Fake News que prevê a remuneração de organizações jornalísticas pelas plataformas como uma forma de conter a desinformação. (MO)
🍂 Links diversos. Comprova lança programa de educação midiática voltado para maiores de 50 anos. | Faap está com inscrições abertas para pós-graduação em jornalismo internacional. | No IJNet, oito oportunidades de jornalismo para se inscrever em abril. | A transformação do jornalismo em nove gráficos. | Jeremy Caplan analisa apps para organizar ideias. | Tá rolando o ISOJ. Vai até amanhã. | Depois do ISOJ vai rolar o 15º Colóquio Ibero-Americano de Jornalismo Digital. Ainda dá pra se inscrever. | Abraji e Meta divulgam selecionados para programa de aceleração. | GIJN tá com um treinamento gratuito de seis semanas sobre segurança para jornalistas. | Dicas para denunciar desinformação sobre a invasão russa à Ucrânia. (MO)
🍂 💎 Concatenações teóricas: por que a New Yorker está apostando em newsletters “conversadas”. Este bloco é exclusivo para subscribers. Se você é assinante da versão free, a edição termina aqui. Mas fique tranquilo, você sempre terá acesso à grande parte da NFJ. Mas que tal acompanhar nossas reflexões? Cliquem no link abaixo e sigam nossas análises semanais!