Newsletter Farol Jornalismo

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NFJ#406 ☀️ O jornalismo e o trabalho escravo em Bento Gonçalves

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NFJ#406 ☀️ O jornalismo e o trabalho escravo em Bento Gonçalves

O que o ChatGPT significa para o jornalismo? | Reflexões sobre a IA | Pedi ajuda para o ChatGPT | Um artigo que analisou a cobertura de informações falsas de Bolsonaro | Gordofobia no jornalismo

Moreno Cruz Osório
Mar 3
5
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NFJ#406 ☀️ O jornalismo e o trabalho escravo em Bento Gonçalves

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Buenas, moçada!

Newsletter Farol Jornalismo está de volta depois merecidas (e curtas, quero mais!) férias. Antes de qualquer coisa, preciso compartilhar com vocês que no dia 6 de fevereiro nasceu o Diego, filho da Lívia, minha parceira de newsletter. Desejem ao Diego e à família dele toda saúde do mundo! E aproveito para comunicar que a Lívia ficará afastada da NFJ durante os próximos meses para poder levar Diego à praia! 🏖️

Colaborem com a NFJ e paguem uma água de coco para a Lívia — e, por tabela, para o Diego. Custa muito pouco e faz toda a diferença!

Antes de começar, deixem eu indicar um conteúdo dos nossos parceiros da ServerDo.in sobre como levar mais tráfego para o seu site a partir do WhatsApp.

Agora sim. Bora.


☀️ Povo sem virtude e o jornalismo. Na Mirante (newsletter semanal da Headline que traz os melhores destaques do jornalismo independente, se ainda não recebem, não deixem de assinar, é de graça!) de hoje, citei a discussão sobre a alteração de uma estrofe do hino do Rio Grande do Sul que diz assim: "povo que não tem virtude acaba por ser escravo" para "povo que não tem virtude acaba por ter escravos". A propósito da sugestão de mudança, veio bem a calhar a AULA que a jornalista e apresentadora da TV Bahia Jessica Senra deu no ar em resposta às declarações racistas e xenófobas do vereador Sandro Fantinel. Só dar play no vídeo abaixo.

jessicasenra
A post shared by Jessica Senra (@jessicasenra)

Mas também destaco um trecho:

"[...] a nossa cultura é de não se deitar para autoritários, para tiranos, para senhores de engenho. Agora veja a ironia: o Rio Grande do Sul foi um Estado colonizado por imigrantes europeus, especialmente os alemães e os italianos. Esses imigrantes não eram pessoas ricas que vieram investir no Brasil. Ao contrário: eram pessoas fugindo de crises econômicas lá na Europa, e que receberam inúmeros benefícios do Brasil para aqui se instalarem. [...] Hoje, esse vereador de um Estado construído com a força de pobres imigrantes discrimina pessoas humildes em busca de oportunidade de trabalho. Ignorando a sua história, se crê superior social e economicamente."

A parte em que Jessica Senra fala de xenofobia e depois compara ignorância com a burrice eu vou deixar para vocês verem no vídeo porque vale a pena.

Sigam com este artigo da jornalista Sandra Bitencourt sobre o papel do jornalismo no episódio de Bento Gonçalves. Para a doutora em Comunicação e Informação pela UFRGS, uma cobertura que apenas divulga as declarações de cada lado, alerta para os perigos de generalizar uma região pelo comportamento de alguns e procura evitar um boicote a um segmento expressivo da economia do Estado, como a que ela está observando, não é suficiente para superar o acontecimento e impedir que algo parecido aconteça novamente. E então sugere algumas perguntas que poderiam ser feitas por investigações jornalísticas. Em seguida, faz uma crítica à primeira manchete de Zero Hora sobre o caso ("Livres do trabalho irregular").

Capa da Zero Hora impressa do último dia 24 de fevereiro

Sandra Bitencourt:

"A primeira função do jornalismo para cumprir com a tarefa de esclarecimento é nomear devidamente os fatos. O caso de Bento não se tratou de trabalho irregular [...] no acontecimento noticiado, tratou-se de trabalho forçado, de escravidão moderna e de reação absolutamente cínica dos responsáveis, culpando a falta de qualificação da mão de obra e políticas assistenciais. Aliviar o crime e não compreender o fenômeno não é aceitável para um jornalismo que pretende exercer suas funções sociais. Uma manchete nunca é uma distração, é sempre uma escolha minuciosa."


☀️ ChatGPT I. Entrando atrasado na conversa, eu sei. Mas vamos devagarinho, retomando aos poucos. A grande questão, me parece, gira em torno da seguinte pergunta: o que a IA significa para a nossa profissão? O blog Polis, da LSE, tem sete reflexões sobre o que a inteligência artificial pode representar para o jornalismo e para a produção de notícias.

  1. A popularização da IA pode abrir boas oportunidades para pequenas redações. Charlie Beckett diz que as grandes organizações vão ficar ainda maiores, mas que a inteligência artificial pode ajudar pequenas e médias redações a oferecer a audiências locais ou de nicho conteúdos diversos e variados.  

  2. Há uma falsa dicotomia entre "trabalho humano" e "trabalho de máquina". A narrativa principal quando se fala de IA é que as máquinas vão substituir as pessoas. Não parece ser o caso. Quem acompanha o uso de IA no jornalismo tem relatado que a tecnologia amplia o trabalho dos jornalistas, e não os substitiu. 

  3. É preciso garantir que a IA seja usada de maneira responsável. "Reconhecer os riscos e preocupações que acompanham a implementação da IA nas redações é fundamental para garantir justiça, transparência e responsabilidade", diz o texto. 

  4. É importante saber como a IA funciona. O texto cita o conceito de "redes neurais", tecnologia que está por trás de aplicativos como o ChatGPT mas que ninguém sabe bem como operam. Isso tem potencial para se tornar uma caixa-preta.

  5. A maioria dos avanços em sistemas de processamento de linguagem natural está em inglês. "A falta de recursos de dados em idiomas além do inglês leva os jornalistas a buscar diferentes estratégias para se manterem atualizados com as novas tecnologias."

  6. Os bancos de dados usados para treinar as IAs são falhos em relação à diversidade e à representatividade do mundo como um todo. O texto chama a atenção para a necessidade de que os ecossistemas de IA tenham mais acesso a mais "vozes, faces e linguagens" oriundas do sul global. 

  7. Seja cético ao usar IA. "Entenda as limitações da tecnologia, bem como seus riscos, e seja cuidadoso e responsável quando decidir usá-la". IA pode ser ótima e poupar tempo dos jornalistas, mas ela desafia o jornalismo a ser mais criativo e encoraja a descobrir soluções de impacto para a indústria. 

O blog do Master en Innovación en Periodismo (MIP), da Universidad Miguel Hernández, na Espanha, também se debruçou na questão ética. O texto fala que a IA não é exatamente uma novidade no nosso campo, cita tarefas que ferramentas como o ChatGPT podem fazer para ajudar jornalistas e lembra que a desinformação pode se tornar um problema ainda maior com a popularização desses sistemas. Jose A. García Avilés, o autor do artigo, aborda a ética a partir da informática e da robótica para depois chegar ao jornalismo:

"No âmbito jornalístico, [os dilemas éticos estão] no design, produção e distribuição de conteúdo informativo e nas práticas de gerenciamento de processos automatizados. Além disso, no campo comunicativo, destacam-se as consequências da distribuição de informações geradas por IA, como o crescimento da desinformação ou a criação de 'bolhas de conteúdo’ algorítmicas."

O trecho acima foi traduzido do espanhol com ajuda do ChatGPT, aliás. Eu já usava o Google Translator, mas, como já estava conversendo com o chat, resolvi avisar. Ah, ele traduziu, mas eu revisei e editei uma parte, para benefício da clareza. 

​​Um parêntese. Eu compartilhei com o ChatGPT o trecho acima. Como resposta, ele me disse estar totalmente de acordo, afirmou que a IA pode ser muito útil para o jornalismo e alertou para questões éticas — mas foi além, dando uma cutucada na gente ao citar a necessidade de promover a diversidade e a pluralidade de vozes na profissão.

Vejam o que ele me disse:

"Portanto, é importante que jornalistas e profissionais de mídia estejam cientes dessas preocupações éticas e trabalhem para mitigar os riscos associados à automação e à distribuição de informações geradas por IA. Isso poderia envolver a adoção de práticas transparentes e divulgação sobre o uso de algoritmos na produção de notícias, bem como a implementação de medidas para promover a diversidade e a pluralidade de vozes e perspectivas nos meios de comunicação."

O trecho em bold é destaque meu.


☀️ Chat GPT II. Pensando no que o ChatGPT me disse, esse robozinho parece mais ligado que muito jornalista por aí, hein. Acho que ele andou lendo as edições d'O jornalismo no Brasil. Brincadeiras à parte, o tópico 6 das reflexões da Polis é um ponto importante para levarmos em consideração. Talvez vocês já saibam, mas existem empresas especializadas em fornecer material para o treinamento de sistemas de IA. A Common Crawl é a responsável por mais de 60% dos dados inseridos no ChatGPT, por exemplo, e entre 40 e 50% do seu conteúdo está em inglês.

É, galera, demorou pra pensarmos numa IA decolonial.

Este outro post do Polis sublinha a necessidade de redações do sul global avançarem com "experimentação multidisciplinar e inovadora sobre como podem aproveitar seus próprios dados existentes e outros dados de código aberto para melhorar" as IAs. 

Pra fechar o assunto, o Poynter publicou parte de um plano de aula sobre o ChatGPT e sobre como identificar conteúdo gerado por inteligência artificial. Querem dicas? Vejam algumas perguntas que, não por acaso, guardam semelhança com uma abordagem comum na educação midiática.

  1. Quem está por trás da informação?

  2. Quais são as evidências?

  3. O outras fontes estão dizendo?

Já esta matéria do Digiday fala sobre a relação entre publishers e seus freelancers. De um lado, como saber se o conteúdo enviado por um frila é produto de IA? Do outro, qual o posicionamento dos publishers e veículos em relação à tecnologia?


☀️ Ajuda aqui, IA. Já que estamos falando do uso de inteligência artificial no jornalismo, resolvi ver como outra IA, a do Notion, também disponibilizada recentemente, poderia me ajudar no processo de produção da news. Pedi para ela resumir este artigo do Nieman Lab sobre como a inteligência artificial vem sendo usada na redação do Worldcrunch e como a tecnologia por trás do ChatGPT altera/potencializa os fluxos jornalísticos. O que eu fiz: primeiro, pedi para o Notion resumir o texto. Depois, pedi para o ChatGPT traduzir o resumo para o português. Em seguida, fiz algumas edições no texto final para melhorar o estilo e a clareza. 

Vejam só:

O artigo reflete sobre a integração da pesquisa do Google e da internet nos fluxos de trabalho do jornalismo, e compara-a com a integração atual de ferramentas de linguagem natural alimentadas por IA, como o ChatGPT. Jeff Israely, autor do texto e cofundador do World Crunch, discute a maneira orgânica pela qual os jornalistas começaram a usar a pesquisa do Google e como as ferramentas de linguagem de IA podem se integrar de maneira semelhante aos fluxos de trabalho diários. Ele também explora o impacto potencial das ferramentas de linguagem de IA na escrita e na verificação de fatos do jornalismo, e a importância da criatividade e originalidade humanas no campo.

Agora comparem o resultado do mesmo processo, mas realizado só pelo ChatGPT. Neste caso eu também fiz intervenções pontuais para deixar o texto mais claro.

O artigo discute o impacto da busca do Google e da internet no jornalismo, e como a integração aconteceu inconscientemente ao longo do tempo. O artigo então compara isso ao lançamento do ChatGPT, uma plataforma alimentada por IA, e como muitos na indústria estão se perguntando como isso afetará seus empregos. Jeff Israely, autor do texto, também compartilha sua experiência com a IA por meio de seu trabalho com o Worldcrunch, uma revista online que publica edições em inglês de trabalhos jornalísticos relevantes cuja versão original estava em outras línguas, e como inicialmente descartou a tradução automática, mas eventualmente descobriu que ela pode ser usada por profissionais como uma ferramenta para melhorar seu trabalho.

E aí, o que vocês acharam do resumo? 

Minha impressão é que até funcionou bem, mas faltou um temperinho, sabe? Como aconteceu essa integração, na redação do Worldcrunch, das ferramentas de tradução ao longo do tempo? Me conta alguma história capaz de me fazer entender melhor?

Eu poderia perguntar isso para o ChatGPT, mas decidi eu mesmo ir buscar no texto.

Quando o Worldcrunch foi criado, eles se perguntavam: e o Google Translator? (Lembrem que eles traduzem materiais de outras línguas para o inglês.) Uns viam como uma ameça ao modelo de negócio. Outros achavam que a ferramenta iria empurrar a qualidade do produto para baixo. Jeff Israely diz que acabou deixando tradutores automáticos de lado em função da baixa qualidade do resultado, e achava que nada seria bom o suficiente para substituir uma tradução 100% humana. Mas aí vem o turning point. Ao longo do tempo, eles começaram a trabalhar com tradutores freelancers. E aprenderam a pegar os espertinhos que simplesmente jogavam o texto no Translator. Por outro lado, vejam só, a máquina foi se revelando útil aos poucos.

"A verdade é que alguns dos nossos melhores tradutores também já usavam a máquina… e não havia nada para 'pegar'. Era uma ferramenta, e os profissionais sabiam como usá-la para ajudá-los a serem os melhores (e, sim, os mais rápidos) possíveis."

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☀️ Todas as mentiras do presidente. Leitura obrigatória o artigo dos colegas Marília Gehrke, Marcelo Träsel, Álvaro Ramos e Júlia Ozorio, publicado recentemente na Journalism Practice, uma das mais importantes publicações acadêmicas da área. O paper analisou como a mídia brasileira cobriu afirmações falsas e enganosas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro no primeiro ano da pandemia de Covid-19. Para isso, foram analisadas as manchetes de 111 notícias publicadas em seis veículos diferentes. Elas estão relacionadas a 21 episódios de desinformação. O resultado:

"[...] descobrimos que 60,36% do conteúdo reproduziu o discurso do presidente sem reconhecer que era mentira ou erro, enquanto 26,13% apresentavam elementos de contextualização. Apenas 13,51% dos títulos corrigiram as afirmações falsas ou enganosas de Bolsonaro. Os resultados indicam que as organizações de notícias tradicionais e nativas digitais falharam em corrigir os erros e mentiras do presidente brasileiro, evocando questões sobre ética e transparência. Conseqüentemente, o jornalismo pode aumentar o ruído em um ambiente de mídia online já poluído e de alta escolha se tais questões não forem abordadas."

Só para vocês terem um contexto maior, os veículos analisados foram Folha de S.Paulo, O Globo, O Estado de S.Paulo, G1, Terra e UOL.


☀️ Notícias da indústria e links diversos. Relatório com direcionamentos para o jornalismo local lançado nos EUA pode ser útil por aqui também. | Nexo fez uma análise sobre as negativas de pedidos de Lei de Acesso à Informação. | Guia produzido por Ajor e Repórter Brasil reúne dicas para organizações de jornalismo que estão em busca de recursos oferecidos por organizações filantrópicas. | Mais um guia: CPJ dá instruções para jornalistas que enfrentam ações judiciais. | Dá pra participar, até o dia 13 de março, da pesquisa da Énois que vai medir a diversidade nas redações brasileiras. | Pública e Conectas lançaram bolsas para reportagens sobre energia e crise climática. | Entidades entregam dossiê sobre violência contra jornalistas. | Lupa e Unisinos lançaram pós-graduação com foco em educação midiática. | Gordofobia no jornalismo: o preconceito que as redações teimam em não enxergar, na Énois. | Vale a pena ler a entrevista que Kátia Brasil concedeu à Carolina de Assis, para a LJR. Ela fala sobre sua trajetória, o desafio de cobrir a Amazônia, o reconhecimento recebido pela Amazônia Real (bem como os desafios de que o veículo seja mais conhecido na própria região que cobre) e a necessidade de entender que o jornalismo independente é tão importante quanto a mídia tradicional. "Todos são jornalistas profissionais, não há diferença", afirma. | Ainda na LJR, uma matéria sobre a centralidade das newsletters na estratégia digital de veículos latino-americanos. | E o JOTA está recebendo cadastros para um banco de freelancers de todo o Brasil. Inscrevam-se.


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2 months ago · 2 likes · Moreno Cruz Osório and Lívia Vieira

É isso, moçada!

É bom estar de volta. Mas dá trabalho, socorro.

Vou descansar. Bom final de semana a todos e todas. E até sexta que vem!

Moreno Osório (com ajuda do ChatGPT e do Notion IA)


Nosso agradecimento de <3 vai para:

Adriana Martorano Vieira, André Caramante, Andrei Rossetto, Antonio Napole, Ariane Camilo Pinheiro Alves, Ben Hur Demeneck, Bernardete Melo de Cruz, Bibiana Osório, Caio Maia, Cristiane Lindemann, Davi Souza Monteiro de Barros, Diego Freitas Furtado, Edimilson do Amaral Donini, FêCris Vasconcellos, Filipe Techera, Gabriela Favre, Guilherme Nagamine, João Vicente Ribas, Jonas Gonçalves da Silva, Luiza Bandeira, Marcela Duarte, Marco Túlio Pires, Mateus Marcel Netzel, Nadia Leal, Pedro Luiz da Silveira Osório, Priscila dos Santos Pacheco, Rafael Paes Henriques, Regina Bochicchio, Roberto Nogueira Gerosa, Roberto Villar Belmonte, Rodrigo Muzell, Rogerio Christofoletti, Roogério Lauback, Rose Angélica do Nascimento, Samanta Dias do Carmo, Sérgio Lüdtke, Silvio Sodré, Suzana Oliveira Barbosa, Sylvio Romero Corrêa da Costa, Taís Seibt, Vinicius Luiz Tondolo, Washington José de Souza Filho.

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