NFJ#363 🍂 Festival 3i: cobertura ambiental precisa ir além da ciência
Festival 3i: a cobertura do Reload | Guerra na Ucrânia: desinformação em busca de popularidade | O caso Telegram | Jornalismo e "Mulheridades" | 35 lições sobre newsletters
Buenas, moçada!
Moreno aqui, abrindo a nossa temporada de outono. Vocês viram no header da news que o céu já mudou. Aqui no sul do Brasil, a nova estação chegou cinza, ventosa e com temperaturas mais baixas — especialmente pela manhã. Lá fora escuto o agradável e constante FARFALHAR das árvores. Bom de curtir tomando um chá depois do almoço. Quem não curte muito essa trilha sonora outonal é o Caramelo, nosso cachorro, que ficou traumatizado depois que, num temporal, ele quase foi atingido por um grande galho que despencou com a ventania.
Bueno, chega de small talk. Antes de começar, uma mensagem do nosso parceiro.
🤝 Renovamos nossa parceria com a ServerDo.in! Cliquem aqui ou na imagem abaixo para ganhar TRÊS MESES de hospedagem grátis. Além de hospedagem, nossos parceiros produzem conteúdos que podem ser úteis pra vocês. Deem uma olhada nesses três ebooks: Check List para as eleições deste ano; 7 melhores agências para produção de conteúdo esportivo e 13 melhores agências para produção de conteúdo.
Agora vamos nessa! A NFJ#363 tem textos meus e da Lívia. Ela assina os três primeiros e eu os três últimos, inclusive o último, este exclusivo para assinantes.
🍂 Festival 3i. Após 11 dias de muitos debates e discussões, termina hoje o Festival 3i - Jornalismo Inovador, Inspirador e Independente. Às 18h, será realizada a mesa “Financiamento e sustentabilidade dos veículos digitais: por que ainda é tão difícil viabilizar?” e, às 20h, é a vez da palestra “Ombudsman: onde chegamos com o festival e para onde vamos?”. Semana passada destacamos alguns debates e agora, vamos repetir a dose. Na mesa “Se ninguém lê/vê/ouve, não existe: o foco na distribuição”, Lorena Morgana, community manager do Canal Reload, explicou como mudou a estratégia de grupos no Facebook para um perfil no Tik Tok. “Por que estamos gastando energia no Facebook e por que não estamos gastando energia no Tik Tok, cuja curva de crescimento estava subindo e cuja linguagem tinha 100% a ver com o Reload? Com o passar do tempo, entendemos que como nosso público já não estava mais naquela rede, não fazia mais sentido continuar ali”, destaca. Aliás, o Reload também fez sua cobertura do evento. Vejam vídeos sobre pautas indígenas, diversidade de fontes, assédio no jornalismo e inclusão de PCDs. Já na mesa “Produções jornalísticas em rede: como articular grandes coberturas?”, jornalistas contam o que aprenderam trabalhando em reportagens colaborativas: acordos bem definidos, comunicação sincera e disposição em aprender com o outro são essenciais. “Percebemos que é colaborando que se consegue os grandes furos”, disse Maria Teresa Ronderos, diretora do Centro Latinoamericano de Investigación Periodística. “Novos olhares para a cobertura ambiental” foi o tema da mesa que teve como anfitriões ((o))eco, Eco Nordeste e Envolverde e convidados especialistas no assunto. Eles defenderam que a cobertura ambiental precisa ir além da ciência, ouvir vozes plurais e cobrar políticos sobre planos para lidar com as mudanças climáticas, especialmente em ano de eleição. Claudio Angelo, coordenador de Comunicação do Observatório do Clima, Claudio Angelo, destacou a intensa cobertura sobre meio ambiente no país nos últimos três anos. “Por um lado isso é um horror, porque esse governo foi muito competente em desmontar as salvaguardas ambientais que vêm sendo construídas no Brasil desde 1988; por outro lado, é uma festa para quem lida com notícia, porque não falta pauta ambiental nessa área no Brasil e não vai faltar no mundo, à medida em que a mudança climática fica mais séria e seus efeitos são mais agudos”, ressaltou. (LV)
🍂 Guerra e desinformação. Que tipo de desinformação sobre a guerra na Ucrânia circula nas redes sociais brasileiras? De acordo com Chico Marés, coordenador de jornalismo da Lupa, houve um pico de conteúdo desinformativo nos três primeiros dias do conflito, principalmente fotos e vídeos tirados de contexto. Em webinar promovido pelo Fórum Pamela Howard para Cobertura de Crises Globais e repercutido no ijnet, Marés afirmou que as narrativas mais virais no Brasil são pró-Ucrânia e o foco da desinformação por aqui está na busca da popularidade, independente da narrativa. O ijnet também compilou dicas e ferramentas para denunciar desinformação sobre a invasão russa à Ucrânia. Nesta entrevista ao Reuters Institute, Clara Jiménez Cruz, CEO da agência de checagem espanhola Maldita.es, conta que checadores de 70 países estão combatendo a desinformação sobre a guerra na Ucrânia. Eles criaram o Ukrainefacts.org, banco de dados que reúne centenas de verificações de fatos sobre a invasão. A propósito, o Reuters Institute elencou, neste fio no Twitter, as matérias que publicou sobre a guerra, mostrando como ela impactou o jornalismo em todo o mundo. O Poynter faz uma boa análise do vídeo de Arnold Schwarzenegger para o povo da Rússia e explica por que ele “foi uma aula de como fazer as pessoas reconsiderarem seus pontos de vista”. Este texto do Nieman Lab toca numa questão interessante: como mapas mostram - mas também ocultam - informações importantes sobre a guerra na Ucrânia. De acordo com o professor Timothy Barney, que assina o artigo, “os mapas mais típicos mostram a Ucrânia como uma nação cercada e em apuros. Eles também tendem a exagerar a ideia de que é um ataque coordenado e controlado – quando a guerra é notoriamente caótica”. Ele complementa que “as experiências cotidianas dos civis ‘no chão’ permanecem indescritíveis nos mapas”. No Periodismo Ciudadano, uma matéria sobre mapas colaborativos sobre o conflito. Já este texto do Journalism.co.uk conta como foi o painel no Twitter Spaces promovido pela Coalizão para Mulheres no Jornalismo, que discutiu a situação atual das jornalistas ucranianas na linha de frente, tanto em termos de segurança quanto de recursos. (LV)
🍂 Caso Telegram e Eleições 2022. Vocês acompanharam a treta do Telegram? Vamos resumir o que aconteceu: na sexta passada, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou a interrupção das atividades do Telegram no Brasil, atendendo a um pedido da Polícia Federal. Na decisão, o ministro afirma que o app de mensagens se recusou a cumprir decisões judiciais. Aí finalmente o Telegram resolveu aparecer. O fundador do aplicativo, Pavel Durov, afirmou que não tinha cumprido as ordens porque o STF teria mandado e-mail para o endereço errado. Pois é. Esta matéria da BBC Brasil dá mais detalhes. No domingo, Moraes revogou a suspensão, justificando que o Telegram havia cumprido as determinações pendentes. A essa altura, canais bolsonaristas no app já estavam ensinando a burlar o bloqueio, segundo monitoramento ao Aos Fatos. Esta matéria da Folha destaca que o aplicativo “é visto como uma das principais preocupações para as eleições de 2022 devido à falta de controles na disseminação de fake news”. Na resposta ao STF, o Telegram mencionou que vai estabelecer “relações de trabalho com importantes organizações de checagem de fatos" no Brasil, mas esta matéria do Núcleo afirma que, até a segunda-feira, as principais checadoras do país ainda não haviam sido contatadas. No dia seguinte, foi a vez de o YouTube anunciar que vai remover da plataforma todos os vídeos que, sem prova, questionarem a integridade das eleições brasileiras de 2018. Segundo o colunista do Metrópoles Guilherme Amado, com a nova política, a live que Bolsonaro fez em 29 de julho do ano passado, dedicada a questionar o resultado nas últimas eleições, deve ser removida. Cristina Tardáguila, fundadora da Agência Lupa, escreve no UOL que os dois movimentos são positivos, mas não estão necessariamente ligados ao interesse do brasileiro comum - mas a um posicionamento mercadológico. “Não fosse pela pressão vinda do Legislativo e do Judiciário, talvez essas duas gigantes internacionais jamais dessem passos concretos na direção da defesa de uma comunicação factual. Não é surpreendente?”, questiona. (LV)
🍂 Indústria e diversidade. A Folha alcançou 3 milhões de seguidores no Instagram. Só entre o dia 24 e 25 de fevereiro, quando começou a guerra na Ucrânia, o jornal ganhou 25 mil novos seguidores. | O TIB lançou uma ferramenta para dar agilidade à cobertura eleitoral, o Notas. | O Aos Fatos analisou quase 3,5 mil checagens sobre a pandemia produzidas por veículos de 14 países latino-americanos ao longo de mais de dois anos. O maior alvo da desinformação foi a vacinação. | Matéria do IJNet traz a história da revista Traços e de como ela dá oportunidades a moradores de rua trabalharem como vendedores da publicação. | Neste texto para o ObjETHOS, Álisson Coelho sugere que aumentar a transparência sobre os processos jornalísticos pode ser uma ferramenta para combater a violência contra a profissão. | E também no ObjETHOS, Rogério Christofoletti discute a ideia de interesse público a partir de uma matéria que a Folha de S.Paulo retirou do ar. | O Nexo repercutiu o relatório da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV sobre violência contra jornalistas: "230 profissionais da imprensa foram vítimas de violência não letal no país em 2021", diz o texto do Nexo sobre o levantamento da Abert. | No Énois, Sanara Santos diz que o jornalismo precisa ouvir mais as "Mulheridades". Está na hora de as mulheres pautarem mais o jornalismo, ela sugere, "porque até agora as coisas não deram muito certo com homens dirigindo as redações". Um trecho pra vocês:
"Então por que o jornalismo como um todo não nos ouve e segue? Na minha opinião, o diagnóstico é simples: colocar uma mulher em um cargo de tomada de decisão é dar liberdade e respaldo para ela romper com as “brotheragens” e fazer jornalismo a partir da diversidade como padrão, evidenciando que a neutralidade e a imparcialidade jornalísticas são brancas, heteronormativas, capacitistas e não inclusivas. Assim, escolher um lado é sobre abrir mão – ou manter – privilégios."
O Instituto Reuters publicou um levantamento sobre a presença de top-editors (editores que possuem cargo de chefia) não brancos em 100 veículos on e offline de EUA, Reino Unido, Alemanha, África do Sul e Brasil. Resultado: "apenas 21% dos 82 top-editors das 100 marcas analisadas são pessoas não brancas, ainda que, em média, 43% da população dos cinco países analisados é composta de não brancos". No Brasil, na Alemanha e no Reino Unido, nenhum top-editor é uma pessoa não branca. (MO)
🍂 Links diversos. No Novo em Folha, informações sobre uma formação em jornalismo comunitário para jovens de Paraisópolis. | Oito dicas para evitar problemas de gravação. | Chequeado está com um curso sobre fact-checking. | Como usar IA para obter engajamento da audiência. | Journalism Festival volta a ser presencial em Perugia, de 6 a 10 de abril. | E o ISOJ acontece nos dias 1º e 2 de abril de forma presencial, em Austin, e online. | Dia 11 de abril começa o novo curso do Knight Center: Jornalismo empreendedor: Como monetizar e promover meios digitais sustentáveis. | Jeremy Caplan analisa apps de newsletters. (MO)
🍂 💎 Concatenações teóricas: 35 lições sobre newsletters. Este bloco é exclusivo para subscribers. Se você é assinante da versão free, a edição termina aqui. Mas fique tranquilo, você sempre terá acesso à grande parte da NFJ. Mas que tal acompanhar nossas reflexões? Cliquem no link abaixo e sigam nossas análises semanais!
Keep reading with a 7-day free trial
Subscribe to Newsletter Farol Jornalismo to keep reading this post and get 7 days of free access to the full post archives.