NFJ#485 🌱 Dicas práticas para cobrir o calor extremo
NYT inclui mudanças climáticas na cobertura de turismo | Evasão de notícias e a eleição nos EUA | Criadores de conteúdo + jornalistas | O que jornalistas latino-americanos acham da IA
E aí, gente!
Moreno aqui, e outubro já era.
No fim da newsletter há um diamante (💎). Hoje nossos apoiadores aqui no Substack e no Apoia-se acompanham a leitura que o Giuliander fez de um artigo que traz visões de jornalistas latino-americanos sobre o uso de IA nas redações – algo ainda raro, pois a maioria dos dados vem, em geral, do norte global. Giu também traz uma análise – para uso jornalístico – dos novos LLMs da Open IA, o o1-preview e o1-mini, classificados pela empresa como “modelos de raciocínio”.
Quem aposta financeiramente no nosso trabalho também tem acesso às rodadas semanais de links sobre IA e jornalismo – escolhidos a dedo pelo Giu – no nosso banco de dados sobre o assunto, acessível via Centro de recursos.
TÁ CHEGANDO O PIX DAY DO FAROL JORNALISMO. ANTECIPE SEU AMOR PELA NFJ
Hoje estamos eu (MO), a Lívia (LV) e o Giuliander (GC).
Bora.
Nosso agradecimento de <3 vai para:
Adriana Martorano Vieira, Alexandre Galante, Amaralina Machado Rodrigues Xavier, André Caramante, Andrei Rossetto, Antônio Laranjeira, Antonio Simões Menezes, Ariane Camilo Pinheiro Alves, Ben Hur Demeneck, Bernardete Melo de Cruz, Bibiana Osório, Bruno Souza de Araujo, Carlos Alberto Silva, Diogo Rodrigues Pinheiro, Edimilson do Amaral Donini, Fabiana Moraes, FêCris Vasconcellos, Filipe Techera, Gabriela Favre, Guilherme Nagamine, João Vicente Ribas, Jonas Gonçalves da Silva, Marcela Duarte, Marco Túlio Pires, Mateus Netzel, Milena Giacomini, Monica de Sousa França, Nadia Leal, Pedro Luiz da Silveira Osório, Priscila dos Santos Pacheco, Rafael Paes Henriques, Roberto Nogueira Gerosa, Roberto Villar Belmonte, Rodrigo Ghedin, Rodrigo Muzell, Rogerio Christofoletti, Rose Angélica do Nascimento, Rosental C Alves, Sérgio Lüdtke, Silvia Franz Marcuzzo, Silvio Sodré, Simone Cunha, Suzana Oliveira Barbosa, Taís Seibt, Vinicius Luiz Tondolo, Vitor Hugo Brandalise, Washington José de Souza Filho.
Quer fazer parte dessa seleta lista? Apoie o Farol Jornalismo no Apoia-se ou escolha o plano Conselheiros, no Substack. Essas modalidades de apoio dão direito a informar uma URL para inserir um link ativo no seu nome.
🌱 NYT muda cobertura de turismo para incorporar mudanças climáticas. A ideia é dar mais atenção aos efeitos do clima nos destinos turísticos e nas comunidades locais, segundo saiu no Laboratorio de Periodismo. A subeditora Elisabeth Goodridge, diz a matéria, quer mostrar “como a crise climática está transformando os destinos que o jornal cobre, e como a própria indústria do turismo contribui para o aquecimento global”. Em um artigo publicado no último dia 10, Goodridge disse que a editoria de Turismo vai dar mais informações a respeito de locais que sofreram com eventos extremos e também pretende incluir conhecimento científico nas reportagens. “Queremos oferecer um conhecimento melhor sobre custo do turismo para o clima, bem como compartilhar insights sobre como os viajantes podem ajudar a mitigar esse custo”, escreveu. A iniciativa é um exemplo bem claro e didático do que sugeriu a Giovana Girardi no especial O jornalismo no Brasil em 2024 – de que o clima deve ser um assunto transversal. Enquanto isso, no Paquistão, a Organização para o Desenvolvimento Social Sustentável lançou uma plataforma para aumentar a consciência e incentivar a participação de jovens em políticas ambientais. Uma das frentes da Climate Optics é o jornalismo cidadão – especialmente para destacar os problemas enfrentados por comunidades mais afetadas pela crise climática a partir de conteúdos gerados pelos usuários. “O jornalismo cidadão não só permite que as histórias locais cheguem a um público mais amplo, mas também evidenciam as falhas na resposta política e social frente às emergências climáticas”, informa esta matéria do Periodismo Ciudadano. Pra fechar, informações sobre o curso Democracia Ambiental e Climática, promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e pela Transparência Internacional. As inscrições vão até 31/10. (MO)
🌱 Dicas práticas para cobrir o calor extremo. Seguimos falando sobre clima. Vale ouro o Guia para investigar o calor extremo, produzido pela Global Investigative Journalism Network. O documento tem dicas práticas, divididas em temáticas/editorias, sobre como abordar as mudanças climáticas transversalmente, ou seja, a partir de diferentes ângulos de cobertura. O documento também traz exemplos de reportagens que conseguiram usar a catástrofe climática como contexto e/ou causa de problemas de naturezas diferentes, como saúde, infraestrutura ou condições de trabalho, por exemplo. Enquanto o guia não sai em português, fiquem com algumas das propostas de abordagem oferecidas pela publicação.
Consequências para a saúde
Emergências de saúde imediatas: exaustão pelo calor e insolação, queimaduras.
Novos caminhos de transmissão para doenças infecciosas.
Maior incidência de doenças respiratórias e cardiovasculares por causa de incêndios florestais.
Infraestrutura de saúde
Os médicos e hospitais estão preparados?
Os governos estão preparados para emergências de calor?
Condições de trabalho
Como as profissões estão sendo afetadas: trabalhadores da construção civil, entregadores, etc.
Impacto em trabalhadores temporários, bem como em informais ou com menos direitos trabalhistas.
Aumento de acidentes no local de trabalho e perda de produtividade devido a noites sem dormir relacionadas ao calor.
Diferentes efeitos em mulheres, pessoas pobres e minorias
Identificar quais áreas são mais afetadas pelo calor e quem mora lá.
Explorar quais populações correm mais risco.
Investigar o aumento da violência doméstica durante ondas de calor.
Agricultura
Efeitos sobre as colheitas (menores rendimentos, mais ervas daninhas)
Efeitos sobre o gado e sobre os trabalhadores rurais
Efeitos sobre a pesca e sobre as pessoas trabalhando na indústria.
O guia ainda traz dicas sobre abordagens nas áreas de infraestrutura, esportes e no desenho de soluções para mitigar os efeitos da crise em diferentes segmentos. (MO)
🌱 Evasão de notícias pode estar moldando a eleição nos EUA. Vejam o cenário na terra de tio Sam: de acordo com o Digital News Report deste ano, 43% dos norte-americanos dizem que evitam as notícias de alguma forma. Isso não significa que 43% do país não esteja consumindo nenhuma notícia, mas é um sinal de declínio no interesse. Há um grupo menor de pessoas (8%) – os chamados “evitadores consistentes” – que consomem notícias menos de uma vez por mês ou nunca. Esse percentual equivale a milhões de pessoas. Nesta entrevista para Eduardo Suárez, do Reuters Institute, Benjamin Toff afirma que há um segmento maior de pessoas ideologicamente à direita que também estão evitando notícias, e parte do que elas expressam é insatisfação com fontes convencionais de jornalismo. “Alguns públicos conservadores apontam para esse sentimento de que as notícias não são confiáveis, eles simplesmente não confiam que os jornalistas sejam imparciais”, diz o autor de “Avoiding the news”. Essa resistência a veículos tradicionais pode explicar por que tanto Donald Trump quanto Kamala Harris adotaram a estratégia de dar entrevistas a podcasters e influenciadores. Mas Toff observa que nenhuma das campanhas provavelmente está focada nos evitadores de notícias mais consistentes, pois eles têm muito menos probabilidade de votar. Isso porque existe uma relação entre evasão de notícias e engajamento político. “Quanto mais escolarizado o cidadão, mais politicamente engajado ele é. Portanto, mais provável que saiba exatamente onde está entre Trump e Harris”, diz Toff. No Poynter, Tom Jones analisa a cobertura da mídia e questiona: “o que é certo - mostrar Trump e tudo o que ele representa ou ignorar suas palhaçadas para se concentrar em questões políticas?”. Dito de outra maneira, a imprensa deve apontar todas as coisas desequilibradas que o candidato republicano diz (fornecendo, assim, uma imagem precisa de quem ele é) ou deve ignorar os excessos porque eles apenas desviam a atenção das questões que realmente importam? Jones afirma que mostrar tudo é essencial, “mas isso não significa expor mentiras sem dizer que são mentiras; mostrar discursos perigosos sem apontar por que são perigosos. Isso não significa mostrar comportamento anormal sem dizer que é comportamento anormal”. Faz sentido, né? Fato é que a eleição está apertadíssima. AG Sulzberger, editor do New York Times, contou recentemente sobre os preparativos para um segundo mandato de Trump, que inclui “garantir que nossos repórteres e editores saibam como proteger suas fontes e a si mesmos” até entender como os provedores de serviços de comunicação “responderão se agentes federais fizerem exigências secretas de registros telefônicos ou e-mails” até “preparar colegas para permanecerem resilientes diante de campanhas de assédio”. Neste texto para a CJR, Kyle Paoletta afirma que o retorno de Trump à Casa Branca inegavelmente inauguraria uma época mais hostil para a imprensa. (LV)
🌱 O que criadores de conteúdo digital e jornalistas podem aprender uns com os outros? Essa pergunta norteia o e-book que o Centro Knight acaba de lançar, em parceria com a Unesco. Por enquanto, há apenas a versão em inglês, mas em breve será traduzido para espanhol e português. O material tem cinco partes, que vamos destrinchar para nossos assinantes pagos na próxima semana. Hoje, selecionamos os destaques da introdução, escrita pela professora Summer Harlow. Ela lembra que “a ascensão do jornalista-influenciador” estava entre as previsões do Nieman Lab para o ano de 2021 e, de lá pra cá, o tema ganhou bastante atenção. A ponto de a convenção do partido democrata deste ano dar credenciais de imprensa para 200 criadores de conteúdo nos EUA. “A indústria do jornalismo está em alerta máximo, pois a audiência continua a migrar da mídia tradicional para as mídias sociais, e muitos jovens confiam mais nos TikTokers do que em jornalistas que trabalham em veículos tradicionais”, diz Harlow. A ideia de que jornalistas e influenciadores podem trabalhar juntos pode ser controversa, admite a professora, mas todas as indicações parecem apontar para um futuro – se não presente – em que as “notícias” não estão intrinsecamente ligadas aos “jornalistas”. Ao reconhecer isso, o livro busca entender os desafios, oportunidades e limites dessa junção, na prática. Durante um desses encontros, o youtuber francês Hugo Travers, também conhecido como HugoDécrypte, questionou a necessidade de distinguir entre “influenciador de notícias” e “jornalista”.
“Não tenho certeza se o público realmente faz essa diferença e se pergunta: ‘ah, mas ele é um jornalista ou apenas um criador de conteúdo fazendo jornalismo?’ Eu não sei se as pessoas nos definem como jornalistas ou criadores de conteúdo, e honestamente não me importo, desde que eu saiba o que estou fazendo e como estou fazendo”.
Summer Harlow é otimista e afirma que, “com as dificuldades do negócio de notícias tradicionais, o crescimento de influenciadores nas mídias sociais talvez represente um momento decisivo para a indústria do jornalismo se reinventar, tornando as notícias mais relevantes e acessíveis a uma maior diversidade de pessoas”. (LV)
🌱 Notícias da indústria.
Desafios para a imprensa local permanecer competitiva na era digital: presidente honorário do grupo francês Ringier dá dicas para o fortalecimento do jornalismo de proximidade – uma delas é restabelecer o vínculo com a comunidade (Laboratorio de Periodismo);
A confiança dos americanos na mídia atinge o nível mais baixo de todos os tempos: apenas 31% dos entrevistados na pesquisa dizem confiar muito ou razoavelmente que os veículos de comunicação informam com precisão e de maneira justa (Laboratorio de Periodismo);
Estados Unidos proíbem estratégia "clique para assinar, ligue para cancelar" muito utilizada pelos veículos de comunicação (inclusive no Brasil): órgão regulador impôs que processo de cancelamento de assinaturas seja simplificado (Nieman Lab);
Semafor comemora aniversário de dois anos com 750 mil inscritos em suas newsletters: fundadores enfatizam o foco no que precisa ser dito e não apenas no que as pessoas querem ouvir (Semafor);
Fenaj e Fundacentro lançam pesquisa nacional sobre saúde mental de jornalistas: estudo busca identificar fatores que causam sofrimento mental na profissão e desenvolver políticas de proteção (Portal dos Jornalistas). (GC)
💎 As percepções dos jornalistas latino-americanos sobre a IA generativa. Em outros momentos, já mencionamos e analisamos aqui na NFJ estudos sobre o que jornalistas, estudantes e acadêmicos de jornalismo pensam sobre o uso da IA generativa no seu trabalho e também sobre as expectativas das audiências em relação ao jornalismo feito com o auxílio desse tipo de tecnologia. Até agora, havíamos falado mais sobre as perspectivas de países desenvolvidos do hemisfério norte. Mas nesta semana foi publicado um artigo na revista catalã BiD sobre as visões de jornalistas latino-americanos. Ainda se trata de um estudo com pouca participação de brasileiros (apenas 5,19% dos respondentes do questionário), que usa o termo Ibero-América para se referir à região e poder contabilizar o total de 2 respondentes espanhois (1,30% do total de participantes da enquete) e disponibilizado numa publicação espanhola, mas já é uma realidade mais próxima da nossa do que a dos frios países nórdicos tomados sempre como referência para tudo no jornalismo e, mais recentemente, na adoção da IA nas redações. Feita essa apresentação, vamos à leitura do artigo: (GC)
Keep reading with a 7-day free trial
Subscribe to Newsletter Farol Jornalismo to keep reading this post and get 7 days of free access to the full post archives.