NFJ#514 🍂 DNR 2025: nem tudo está perdido
Digital News Report aponta consolidação do vídeo, confiança estável e a aposta no noticiário local | News avoidance: até onde precisa ir a adaptação do jornalismo? | Literacia midiática faz diferença?
Boa tarde!
Moreno aqui, à espera de centenas de milímetros de chuva no final de semana.
Na edição de hoje seguimos analisando o DNR 2025.
Eu (MO), Lívia (LV) e Giuliander (GC) assinamos os tópicos.
Antes de começar, saibam o que é Crawl Budget e como otimizar no seu portal de conteúdo, no blog dos nossos parceiros da serverdo.in.
Semana passada, na NFJ…
Nosso agradecimento de <3 vai para:
Adriana Martorano Vieira, Alexandre Galante, Amaralina Machado Rodrigues Xavier, André Caramante, Andrei Rossetto, Ben Hur Demeneck, Bernardete Melo de Cruz, Bibiana Osório, Bruno Souza de Araujo, Diogo Rodrigues Pinheiro, Edimilson do Amaral Donini, Fabiana Moraes, FêCris Vasconcellos, Filipe Techera, Gabriela Favre, Guilherme Nagamine, João Vicente Ribas, Marcela Duarte, Marco Túlio Pires, Mateus Netzel, Monica de Sousa França, Nadia Leal, Pedro Luiz da Silveira Osório, Priscila dos Santos Pacheco, Rafael Paes Henriques, Roberto Nogueira Gerosa, Roberto Villar Belmonte, Rodrigo Ghedin, Rodrigo Muzell, Rogerio Christofoletti Rosental C Alves, Sérgio Lüdtke, Silvio Sodré, Taís Seibt, Vinicius Luiz Tondolo, Vitor Hugo Brandalise, Washington José de Souza Filho.
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🍂 (Ainda o) Digital News Report 2025. A edição da semana passada foi inteiramente dedicada ao Digital News Report, uma das maiores (senão a maior) pesquisas de consumo de mídia/jornalismo do mundo, publicado pelo Instituto Reuters no dia 17. A edição de hoje dá sequência às análises – especialmente aos nossos apoiadores. Aliás, quem nos apoia tem acesso às nossas leituras a partir de 2015, seguindo em 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021, 2022, 2023 e 2024 (I e II). E 2025! (MO)
Como o Digital News Report é feito. Neste ano, o DNR ouviu 97 mil pessoas de 48 países de seis continentes diferentes (mais ou menos 2 mil pessoas por nação), entre a metade de janeiro e o fim de fevereiro de 2025. A novidade deste ano foi a inclusão da Sérvia. No Brasil foram exatamente 2.006 respondentes. Para saber mais, leiam a metodologia. Quem quiser ter o PDF, dá pra baixar aqui. Também dá pra ler em espanhol. Para ir direto aos dados do Brasil, cliquem aqui. A pesquisa é assinada por Nic Newman com a colaboração de Amy Ross Arguedas, Craig T. Robertson, Rasmus Kleis Nielsen e Richard Fletcher.
🍂 DNR 2025: a consolidação do vídeo. Segue crescendo o uso de redes sociais para consumir notícias. Pelo menos seis plataformas têm uma penetração semanal de pelo menos 10% – uma década atrás só Youtube e Facebook chegavam a esse percentual. Olhando pro gráfico, três tendências me chamam a atenção. Primeiro, a queda constante do Facebook. Mas é ainda surpreendente que 26% usem o Face todas as semanas (na minha bolha, o FB morreu há horas). Segundo, a ascensão constante do Instagram. Em dez anos, saiu do zero para 16%. Terceiro, a curva ascendente do TikTok, que em seis anos subiu de 1% para 10%. Vale a pena conferir o gráfico – mas prestem atenção: os dados não são globais, e sim de alguns mercados selecionados.
Pois é, o TikTok. O crack das redes sociais tem nada menos do que 49% de penetração na Tailândia. Quer dizer que quase metade dos entrevistados no país disse ter usado o TikTok para consumir notícias na semana anterior à pesquisa. É de longe o país que mais usa a plataforma das dancinhas para se informar. São 10 pontos percentuais a mais do que o ano passado. De 2023 para 2024 já havia subido outros 9 pontos.
Que loucura.
As redes sociais mudaram, moçada. Há uma inflexão de postagens criadas por usuários para amigos e família em direção ao conteúdo produzido pelos creators. O conteúdo Family & Friends está sendo substituído por vídeos criados para serem virais.
“Há vários anos, perguntamos às pessoas para onde elas direcionam sua atenção ao usar as redes sociais e descobrimos que a mídia tradicional, na melhor das hipóteses, é desafiada – e, na pior, perde – para creators e personalidades on-line, mesmo quando se trata de notícias. Essa tendência é evidente novamente, desta vez, em dados agregados em todos os 48 mercados. Os creators agora desempenham um papel significativo em todas as redes, exceto no Facebook. No TikTok é onde a mídia tradicional recebe menos atenção. Isso não surpreende, pois os veículos de comunicação têm lutado para adaptar o conteúdo jornalístico a um espaço mais informal, além de se preocuparem em canibalizar o tráfego dos seus sites ao publicar em uma rede que não está configurada para tráfego orgânico.”
A situação, na real, é mais delicada do que parece – para o jornalismo e para a sociedade. Porque – lembra a Lívia nas nossas conversas durante a produção desta edição – as pessoas não deixaram de ler jornal para ler notícias no Tiktok. O tipo de consumo é diferente. Nas redes sociais, o consumo de notícias é acidental. As pessoas quase que esbarram nas notícias – e cada vez menos, pois os algoritmos vêm desacelerando a entrega de conteúdos noticiosos de referência. Então, se pensarmos bem, o consumo de notícias deve ter caído muito. Especialmente o consumo intencional, deliberado mesmo, de conteúdo jornalístico. O DNR até tentou contornar essa dificuldade metodológica – como medir o consumo de notícias nas redes sociais se as pessoas (DEFINITIVAMENTE) não entram nas redes sociais exclusivamente para consumir noticias? – perguntando às pessoas sobre qual tipo de conteúdo elas mais dedicam sua atenção em cada uma das redes. O objetivo é diferenciar a atenção dedicada ao jornalismo da atenção dada a personalidades e creators.
O resultado é o gráfico abaixo.
Prestem atenção na flechinha junto aos dados do TikTok: é a rede social em que as pessoas prestam menos atenção à mídia tradicional.
A relevância do vídeo só cresce. Dentre a audiência global, um terço (31%) prefere assistir às notícias a lê-las (55%, ainda a grande preferência) ou ouvi-las (14%). Nos EUA – a fatia dos que preferem notícias em vídeo sobe ligeiramente dentre a audiência que tem entre 18 e 24 anos. De 2020 a 2025, o consumo global de vídeos em plataformas sociais cresceu de 52% para 65%. Nos EUA, o consumo semanal de notícias em vídeo cresceu de 55% em 2021 para 72% neste ano. “Uma grande parte da mudança foi a alteração das estratégias das plataformas, fazendo com que redes como Facebook, Instagram e X priorizassem mais vídeos em seus algoritmos, enquanto o Google adicionou uma aba de vídeos curtos aos seus resultados de pesquisa.” (MO)
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