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NFJ#515 ❄️ O jornalismo local nos salvará

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Usar IA para a produção de textos “afeta significativamente as habilidades de pensamento crítico” | TikTok procura “news creators” | 💎 Jornalismo zero: tráfego, crawlers e audiência

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Moreno Cruz Osório
,
Lívia Vieira
, and
Giuliander Carpes
Jul 04, 2025
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NFJ#515 ❄️ O jornalismo local nos salvará
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Boa tarde!

Moreno aqui, curtindo um solzinho que finalmente conseguiu vencer a neblina. Gosto dos dias de cerração: estar dentro de uma nuvem dá uma sensação parecida com a da escuridão completa – quando sequer enxergamos nossas próprias mãos. Estar em um lugar onde não há luz nos oferece o privilégio de desaparecer – e portanto se fundir com o todo. A neblina dá um pouco essa sensação de unidade, só que de dia. Não há nada. Tudo é apenas uma coisa só: eu, tu, as árvores, as águas do Guaíba, o céu.

A chuva passou e veio o frio. Fazia tempo que as temperaturas não chegavam perto de zero em Porto Alegre – frio que te faz ficar confortável quando faz 10 graus. Frio que nos faz esquecer por um momento do aquecimento global. Aliás, vamos ignorar os alertas da Lupa e seguir usando o emoji de floco de neve para simbolizar o inverno.

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Semana passada, na NFJ…

NFJ#514 🍂 DNR 2025: nem tudo está perdido

NFJ#514 🍂 DNR 2025: nem tudo está perdido

Moreno Cruz Osório, Lívia Vieira, and Giuliander Carpes
·
Jun 27
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Nosso agradecimento de <3 vai para:
Adriana Martorano Vieira, Alexandre Galante, Amaralina Machado Rodrigues Xavier, André Caramante, Andrei Rossetto, Ben Hur Demeneck, Bernardete Melo de Cruz, Bibiana Osório, Bruno Souza de Araujo, Diogo Rodrigues Pinheiro, Edimilson do Amaral Donini, Fabiana Moraes, FêCris Vasconcellos, Filipe Techera, Gabriela Favre, Guilherme Nagamine, João Vicente Ribas, Marcela Duarte, Marco Túlio Pires, Mateus Netzel, Monica de Sousa França, Nadia Leal, Pedro Luiz da Silveira Osório, Priscila dos Santos Pacheco, Rafael Paes Henriques, Roberto Nogueira Gerosa, Roberto Villar Belmonte, Rodrigo Ghedin, Rodrigo Muzell, Rogerio Christofoletti Rosental C Alves, Sérgio Lüdtke, Silvio Sodré, Taís Seibt, Vinicius Luiz Tondolo, Vitor Hugo Brandalise, Washington José de Souza Filho.
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❄️ Sobre IA e jornalismo (mas não apenas). Boa parte do que está errado em relação ao uso da inteligência artificial para a criação de conteúdo (jornalístico ou não) ficou ainda mais claro nessa semana. Um estudo do MIT aponta que usar o ChatGPT e similares com frequência para a produção de textos “afeta significativamente as habilidades de pensamento crítico”. Segundo a pesquisa, usuários frequentes de LLMs apresentaram desempenho consistentemente inferior nos níveis neural, linguístico e comportamental, incluindo a diminuição da atividade cerebral dos participantes, um senso de autoria mais fraco e a incapacidade de lembrar o que escreveram — o que continuou mesmo quando não lhes foi permitido mais usar um LLM. A constatação chega ao mesmo tempo em que o Pew Research Center percebe um aumento significativo no número de usuários do ChatGPT nos Estados Unidos. Atualmente, 34% dos adultos americanos afirmam utilizar a plataforma de IA, o dobro da porcentagem de 2023 – isso inclui 58% dos adultos com menos de 30 anos. Ainda assim, 66% dos americanos não usaram o chatbot, incluindo 20% que dizem nem terem ouvido falar sobre ele. Já o megaconglomerado de mídia alemão Axel Springer reuniu em Berlim mais de 100 executivos da empresa em diversos países para reafirmar sua estratégia corporativa com ênfase na fusão entre inteligência artificial e humana. O executivo Mathias Dopfner comparou a mudança atual à transição do jornalismo impresso para o digital, afirmando que "a inteligência artificial é o novo digital" e que o sucesso dependerá de quem conseguir combinar a inteligência humana e a artificial da forma mais complementar possível. "Não se trata de IA versus IH (inteligência humana), mas de IA com IH. São as duas. Quem combinar melhor as duas vencerá", argumentou. Achei no mínimo ousada a confiança dele de que será um conglomerado midiático o vencedor dessa concorrência aí. Vamos acompanhar. Para completar, o X de Elon Musk anunciou que passará a usar inteligência artificial para redigir notas de verificação de fatos — as community notes — antes que sejam avaliadas por usuários, substituindo, em parte, a atuação humana. A medida gerou críticas de especialistas e ex-autoridades, que alertam para o risco de amplificação de desinformação por meio de sistemas automatizados que podem carecer de nuance e contexto. Embora a empresa afirme que o sistema visa melhorar a qualidade da informação e manter supervisão humana, críticos apontam que ele pode facilitar a manipulação em larga escala do que os usuários veem e confiam. (GC)


❄️ TikTok procura “news creators”. Não se trata apenas de uma vaga de emprego. De acordo com o Axios, o TikTok “está buscando ativamente impulsionar influenciadores de notícias”. Publicada no fim de junho e destinada a Los Angeles, a oportunidade é para um gerente de criação responsável por "gerenciar e desenvolver criadores de notícias para a América do Norte no TikTok". Muito provavelmente a vaga já foi preenchida, pois o link não funciona mais. E por que o Axios enxerga um movimento da rede social com a abertura desse posto de trabalho? Sara Fischer lembra que mais da metade dos usuários estadunidenses do TikTok afirmam receber notícias regularmente no aplicativo, segundo pesquisa do Pew Research Center. No entanto, a grande maioria faz isso por meio de criadores, e não de veículos ou jornalistas. Dito de outro modo: o adulto norte-americano prefere consumir informação no TikTok de influenciadores que discutem as notícias no contexto da cultura pop ou do entretenimento. Esse crescimento do TikTok não se restringe aos EUA, vocês sabem. Só pra relembrar o que dissemos nas últimas edições da NFJ, o uso da rede social para notícias no Brasil foi de 14% ano passado para 18% em 2025, de acordo com o Digital News Report. Só pra vocês terem uma ideia: o boom do TikTok foi em 2020, com a pandemia. Mas ele só aparece nos dados brasileiros do DNR em 2022, com 12%. De lá pra cá, a curva está sendo de crescimento. De acordo com a newsletter Tendencias, entre as atribuições do gerente de criação de notícias está acompanhar a atividade dos criadores, recebê-los presencialmente ou online para compartilhar melhores práticas, estratégias de conteúdo vertical e atualizações de produtos, bem como responder a perguntas e promover conexões. (LV)


❄️ Sustentabilidade da imprensa e da democracia. Na última segunda-feira, a Folha de S. Paulo publicou uma entrevista com Irene Lanzaco, diretora-geral da AMI (Associação de Meios de Informação), entidade que reúne mais de 80 veículos de imprensa da Espanha. O foco foi a ação que a organização move contra a Meta, dona do Facebook, do Instagram e do WhatsApp. Segundo Lanzaco, existe uma concorrência desleal que retira recursos das empresas de mídia porque a plataforma promove um abuso das regras de privacidade. A grande aspa da entrevista é a que foi usada na manchete: “A sustentabilidade da imprensa é a sustentabilidade da democracia”. O problema, como mostramos nas últimas duas edições da NFJ voltadas à cobertura dos dados da Digital News Report do Reuters Institute, é convencer a audiência a pagar por notícias digitais num ambiente em que, nas últimas décadas, não só o Facebook como o Google fomentaram e se beneficiaram de um modelo onde a maior parte dos artigos e reportagens eram gratuitos e agora o TikTok, o Instagram e o YouTube se destacam no consumo de informação através de influenciadores digitais. Lanzaco considera a União Europeia como uma espécie de tábua de salvação da mídia mundial em face às medidas tomadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma guerra tarifária ao mundo e apoiar uma liberdade de expressão irrestrita nas plataformas, liberando-as cada vez mais de responsabilidade sobre o conteúdo nocivo que nelas circula:

“A única maneira de a Europa ter de combater essa situação terrível é tornar suas regras muito claras e proteger um mercado digital em que todos os participantes possam competir em condições justas. Se a Europa não for capaz de fazer isso bem e com coragem, enfrentaremos a erosão total da imprensa. E, se a imprensa erodir, a democracia será devastada.”

No entanto, ela não está muito confiante. Segundo ela, a Europa acabou cedendo às big techs que estão por trás do desenvolvimento de modelos de inteligência artificial. “...porque a legislação europeia de direitos autorais introduziu uma exceção para mineração de textos e dados. Ela é interpretada pelas empresas de tecnologia como autorização para extrair conteúdo sem nenhuma remuneração justa para os detentores dos direitos. Não acho que a intenção fosse criar essa exceção da maneira que as empresas de tecnologia estão interpretando, mas já está causando um grande dano a toda a indústria criativa na Europa”, afirmou. Na entrevista, a diretora da AMI toca ainda em outros pontos interessantes não apenas sobre as disputas entre o jornalismo e as plataformas, mas também a respeito da polarização política no continente europeu e seus efeitos na imprensa, que incluem a compra de meios de comunicação por empresários para tentar influenciar o debate público muitas vezes com patrocínio de governantes. (GC)


❄️ O jornalismo local nos salvará. “Qual é o lugar do jornalismo na sociedade midiatizada de hoje ou do futuro que se prenuncia na lógica dos algoritmos e da inteligência artificial?” Boa pergunta, Ricardo Z. Fiegenbaum. Neste texto para o ObjETHOS, o jornalista e doutor em Comunicação lembra que o jornalismo pode ser definido como uma instituição que ordena, organiza e reduz a realidade observada, oferecendo às pessoas uma possibilidade de sentido em relação aos acontecimentos que o público é incapaz de observar por si. “Nesse sentido, a relevância do jornalismo para qualquer sociedade está na sua qualidade e capacidade para produzir os discursos que conectam as pessoas com quaisquer acontecimentos que as afetam”, escreveu. Isso é um norte importante: produzir discursos que conectam as pessoas com acontecimentos que as afetam. Aí eu pergunto a vocês: onde estão os acontecimentos que mais afetam as pessoas (e que essas pessoas tenham consciência de que tais acontecimentos realmente as afetam)? Dez semanas atrás, repercutimos um estudo da UFSC sobre hábitos de consumo de informação da população de Florianópolis. A principal razão para as pessoas consumirem notícias, sintetizou a Lívia na NFJ#505, é “por interesse pessoal ou para agir na comunidade”. Da capital catarinense para Minneapolis, onde, no começo de junho, um evento do Institute for Nonprofit News reuniu representantes de veículos locais para discutir métricas de impacto capazes de contornar a lógica dominante dos pageviews etc. Na oportunidade, a jornalista Angilee Shah disse que o Charlottesville Tomorrow, veículo em que é editora-chefe e CEO, não quer salvar o jornalismo. “Nosso objetivo é criar algo útil e vital para a nossa comunidade”, acrescentou. Mas como criar algo útil? Qual é a informação útil para uma comunidade? O professor da Universidade Estadual de Londrina Silvio Demetrio, neste artigo para o Observatório de Imprensa, chama a atenção para a ascensão do chamado “neopublicismo” – uma versão contemporânea de um fenômeno que remonta o Iluminismo, quando a invenção da imprensa permitiu uma circulação sem precedentes de informação (e desinformação). Aliás, um parêntese. No seu livro mais recente, Nexus, que conta a história das redes de informação humanas para alertar sobre os perigos distópicos da IA, o historiador Yuval Noah Harari volta parte da sua atenção para os momentos posteriores à invenção de Gutemberg. Naquela época, o crescimento exponencial na circulação de informações deu força às ideias que fortaleceram os tribunais da Inquisição. A caça às bruxas se tornou uma política oficial da Igreja Católica a partir de uma rede de mentiras que soube usar a nova tecnologia de informação para se estabelecer com tamanha força que se tornou autoevidente. A história é cíclica, galera. O neopublicismo, segue Demetrio, “ao mesmo tempo que amplia a liberdade de expressão e democratiza o acesso à informação, também gera uma crise de legitimidade e qualidade na esfera pública”. Por um lado, urge a necessidade de regulação das (novas) redes de informação. Por outro, atores sociais como o jornalismo precisam se adaptar. “O jornalismo não desaparecerá, mas sua relevância dependerá de sua capacidade de se diferenciar do ruído informacional e reafirmar seu papel como um pilar essencial da democracia”, escreveu o professor da UEL. O desafio é acima de tudo epistemológico, pois o ambiente ultramidiatizado atual alterou, como estamos observando nos últimos tempos, a forma de construção da verdade (ou do que é considerado verdadeiro pelas pessoas). O que resta ao jornalismo? Como seguir se mostrando (e sendo considerado como tal) um “pilar essencial da democracia”? (Isso se for de fato a democracia a forma de organização que as sociedades desejarem...) Se as pessoas acham úteis as informações que as possibilitam agir em suas comunidades, e levando em consideração que essas informações são (as mais) passíveis de serem checadas a partir da observação direta, eu diria o seguinte – e sendo propositalmente exagerado e dramático: o que resta ao jornalismo é o noticiário local. Porque se a verdade pode ser fluida, os fatos não podem. E se tem algo que está na essência do jornalismo é a transformação dos fatos em discursos. Quando observador e narrador estão perto do fato, a distância da percepção entre quem observa o fato de quem o narra tende a ser menor. A margem de fluidez da verdade diminui. É aí que mora a aproximação do jornalismo com o seu público. É aí que (re)nasce a credibilidade. Inclusive quando público e jornalismo estão próximos, fica mais fácil de o primeiro entender as limitações do segundo. E o mais louco é que não se trata de inventar a roda, nem fazer dancinhas no TikTok. A população de Floripa nos deu a real: não importa o formato. O que importante é fornecermos informações que façam a diferença na vida das pessoas. E conseguimos fazer isso quando noticiamos os acontecimentos que as afetam diretamente. (MO)


❄️ Coisas interessantes.

  • Está rolando em São Paulo até o próximo dia 9 a Jornada Galápagos de Jornalismo 2025. Um dos workshops desta semana foi ministrado por Marco Túlio Pires, coordenador do Google News Lab no Brasil. Na ocasião, ele compartilhou este doc com orientações para jornalistas fazerem bom uso do NotebookLM, “o assistente personalizado de IA com o modelo mais poderoso do Google”. Há dicas interessantes sobre como montar uma apuração a partir de documentos públicos; como visualizar uma linha do tempo; e como gerar resumos em áudio.

  • Falando em Google, vocês devem ter visto que na semana passada foi lançada a ferramenta Offerwall, que permite que publishers ofereçam aos leitores diferentes maneiras de acessar o conteúdo dos sites de notícias. Isso inclui, por exemplo, micropagamentos, respostas a pesquisas e desbloqueio do acesso por um curto período após assistir a um anúncio. Segundo Mauricio Cabrera, da newsletter Story Backer, trata-se do “mais novo placebo do Google para uma indústria que agoniza (pelas mãos do próprio Google)”. Cabrera afirma que o Offerwall dificilmente mudará o jogo para o setor. Citando dados compartilhados pelo Google com o TechCrunch, Cabrera informa que os veículos que usaram o Offerwall durante o período de teste tiveram um aumento médio de receita de 9%. “O caso mais notável, segundo o TechCrunch, ocorreu na Índia com o Sakal Media Group, que obteve um crescimento de receita de 20% e um aumento de 2 milhões de impressões em um período de três meses”.

  • Quando fiz o trabalho de campo da minha tese na BBC News, em Londres, me surpreendi com a informação de que, fora do Reino Unido, o braço digital da empresa pública tem modelo comercial (o que inclui anúncios, por exemplo). Agora, A BBC Studios e a BBC News lançaram a primeira fase de um modelo de assinaturas para usuários do BBC.com nos EUA. Neste início, por menos de US$ 1 por semana (US$ 49,99/ano), os leitores terão acesso ilimitado às notícias, reportagens especiais e à transmissão ao vivo do canal BBC News.

  • Aqui no Brasil, o jornalista Guilherme Amado acaba de lançar o Amado Mundo, canal no YouTube que conta com uma equipe de 25 profissionais. Neste artigo para o OI, Guilherme explica que a iniciativa quer alcançar quem evita notícias, apostando na figura do newsfluencer – “o jornalista que não apenas informa, mas aparece, conversa, engaja, se posiciona, ou o influenciador que se preocupa com a integridade da informação tal qual um jornalista”, nas suas palavras. (LV)


💎 Jornalismo zero: tráfego, crawlers e audiência. Depois de uma pausa de duas semanas por conta do DNR, voltamos a nos debruçar sobre o relatório do Tow Center sobre a relação do jornalismo com a IA. Começamos a ler o report Journalism Zero: How Platforms and Publishers are Navigating AI na edição #510, quando falamos sobre as atitudes dos entrevistados em relação à utilidade da IA ​​generativa. Depois, seguimos na #511 e na #512, quando os tópicos foram, respectivamente, experimentação e implantação de soluções baseadas em IA generativa nas redações e as conversas entre publishers e plataformas de IA (ou a inexistência delas). Hoje finalizamos o capítulo 3 falando das três dimensões que geram os maiores impasses entre jornalismo e plataformas de IA: tráfego, bloqueio de crawlers e dados da audiência.

Apoiadores seguem conosco. (MO)

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